sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O QUE QUER UMA MULHER?A VISITA DE ANA BRUNI A SALVADOR.


Enquanto as Delegacias não mudarem sua postura em nossa relação, que as mulheres gravem seus depoimentos, como te atenderam, como te trataram. Façam cópias de toda documentação e provas entregues. Sempre acompanhada de advogado procure o MP imediatamente, nem espere as famosas 48 horas. Em muito menos tempo poderão estar mortas, difamadas, acuadas. Caso não te atendam, entregue um ofício relatando a urgência e perigo da situação Resumindo: Mulher se proteja de todas as maneiras. Não confie, não espere ajuda, use de todas as armas para que tenha segurança. Muitas vezes fazem você de BO-BA com a sua BO Trágico mas é a realidade.

O QUE QUER UMA MULHER?
A VISITA DE ANA BRUNI A SALVADOR.

A assinatura do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher contou em Salvador com a presença de centenas de mulheres. Em meio a muitas autoridades, o evento se destacou mesmo pela presença das mulheres vitimas. A Fundação Jaqueira convidou Ana Bruni, cuja luta tornou-se conhecida pela internet, e principalmente pela ampla divulgação do site território mulher que relata a busca desesperada de uma mulher que tem sede de justiça.
Ana Bruni esteve com toda a equipe da Fundação Jaqueira.Na Seplan, foi apresentada a lideranças femininas e feministas de qualidade. Como eu já havia entrevista e publicado, tinha como certeza que ela deveria trazer os problemas que enfrenta em Itacaré, Bahia, para o grupo de trabalho de Salvador.
E minha certeza tornou-se convicção: a companheira que chegava de Itacaré, Bahia, é uma mulher elegante, bonita,distinta. Carioca de classe média alta, excelente formação familiar e social. Poderia ter desistido de tudo e voltado para o Rio de Janeiro. Mas resolveu permanecer e ser um grito de alerta.
Mas corre risco de morrer.
Ela que criou a maior comunidade sobre a Lei Maria da Penha no orkut, não consegue um avanço em seu caso. Não consegue absolutamente nada, a não ser conselhos para sair da cidade em que vive, em que investiu dinheiro, cidade onde trabalha honestamente.
Que País é este? Eu fico me perguntando todos os dias. Militantes e ativistas olham uma para as outras dentro de um contexto de perplexidade. Como já disse e escrevi antes, as ameaças que sofro tem como origem rede de pedófilos e de ex-maridos que se revoltam com os meus laudos e minhas orientações para que sejam denunciados. Então, eles buscam "laranjas" para brincarem comigo. Mas, eu sou a gata e eles os ratos.
Eu procuro me unir a gente decente e digna.Sobre o meu trabalho, a Bahia e o Brasil sabem.Não digo isto com orgulho. Acho que sempre que temos que interferir por alguém, berrar, clamar por justiça, é porque o nosso Brasil sofre da estranha síndrome masculina da agressão à mulher.
Mas quero voltar a Ana Bruni, a nossa Território Mulher. Ela ficou em Itacaré e tentou procurar as autoridades locais. A história toda está no site, com direito inclusive a repercussão nacional em colunas de grande prestígio sobre a prática de tortura na Bahia.
Como Itacaré não lhe prestou solidariedade e nem lhe deu atenção através das autoridades, resolvi então convidá-la. Venha a Salvador. E ela chegou com um jeito meio desconfiado de que talvez também não fosse prestigiada aqui.
No entanto, as principais lideranças femininas estiveram com ela. Representantes das secretarias estaduais, deputadas, a prefeita Moema Gramacho, a presidente da comissão de mulheres da OAB/BA, as representantes da FCCV - Fórum Comunitário de Combate ao Crime e a Violência.
Se ficasse mais, Ana teria mais encontros e uma agenda maior a cumprir. Iríamos por exemplo ao Núcleo de Justiça e Direitos Humanos, ao encontro da companheira Mônica Bittencourt. Iríamos ao encontro da companheira Isabel Alice da Delegacia Especial de Atendimento a Mulher.
Este recado público é para você, companheira Ana Bruni. Você esteve aqui e foi acompanhada pela direção da Fundação Jaqueira. De maluca você não tem nada. Que diga a nossa Tania Gomes, diretora de Saúde Mental da nossa Fundação.
O sentimento que fica é que as cidades querem se libertar das mulheres independentes.Se isto incomoda nas capitais, o que se poderá dizer do interior do Estado, onde prevalece a força e o machismo.
É uma pena que Itacaré não tenha capacidade para aproveitar o potencial desta mulher que chegou do Rio de Janeiro e apaixonou-se pelo local e lá montou uma pousada, deixando para trás uma vida cheia de glamour. Hoje procura ajudar centenas de mulheres na mesma situação ou em pior situação.
Aos mandatários de Itacaré eu irei dar uma péssima notícia: Ana Bruni não está sozinha. Saiu do virtual para o real. Estamos organizando em Salvador uma comissão de mulheres para verificarmos o que acontece por aí.
Quem tiver coragem responda: será que Ana Bruni, brasileira, carioca, é a única mulher agredida neste local paradisíaco? Por favor, respondam por que no mínimo é intrigante.
Ana Bruni você chegou em Salvador e aí agora passa a representar o nosso movimento de mulheres. E nós vamos aprender o caminho para Itacaré. Quem sabe não encontraremos outra vítima.

Vera Mattos
Jornalista

Um comentário:

  1. Acompanho esse blog faz tempo,nunca postei com meu blog, por estar no meio de um processo judicial e não querer torná-lo público, no momento.
    Existem muitas Anas, Marias e Fabianas por aí...Mas a vergonha é maior, sei o que é isso, pois tb senti vergonha. Só quando tomei cosciência de que quem tem motivo para se envergonhar é ele, que decidi denunciar.
    Tudo chegou onde chegou, por eu me calar e permanecer em silêncio por muito tempo.
    Luto para que outras mulheres, não se calem.
    E não aceitem argumentos do tipo : " o que passa é uma provação". Por incrivel que pareça, ouvi muito isso.
    O que passo e muitas tb é uma situação de violencia e não pretendo mais me calar.
    http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=4828106642946318581
    vou até o fim e espero, em breve, poder estar escrevendo aqui, com meu blog.

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