domingo, 20 de abril de 2008

1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador: o que fazer?

por Augusto César Petta*


''A todos que saíram às ruas,
De corpo-máquina cansado,
A todos que imploram feriado
As costas que a terra extenua
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário - este é meu maio!
Sou camponês - este é o meu mês!
Sou ferro - eis o maio que quero!
Sou terra - o maio é minha era!''

(Meu Maio, Vladimir Maiakovski)










Em 1886, a cidade de Chicago, um dos principais pólos industriais dos Estados Unidos, foi palco de importantes manifestações operárias. No dia 1º de maio, iniciou-se uma greve por melhores salários e condições de trabalho, tendo como bandeira prioritária a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias.Os jornais a serviço das classes dominantes, imediatamente se manifestaram afirmando que os líderes operários eram cafajestes, preguiçosos e canalhas. No dia 3 de maio a greve ainda continuava e na frente de uma das fábricas, a polícia matou seis operários, deixando 50 feridos e centenas de presos. No dia 4, houve uma grande manifestação de protesto e os manifestantes foram atacados por 180 policiais, que ocasionaram a morte de centenas de pessoas. Foi decretado ''Estado de Sítio'' e a proibição de sair às ruas. Milhares de trabalhadores foram presos, muitas sedes de sindicatos incendiadas e residências de operários foram invadidas e saqueadas.Os principais líderes do movimento grevista foram condenados à morte na forca. Spies, Parsons, Engel e Fisher foram executados no dia 11 de novembro de 1886, enquanto que Lingg, também condenado, suicidou-se.





Em 1891, no 2* Congresso da Segunda Internacional, realizado em Bruxelas, foi aprovada a resolução histórica de estabelecer 1º de maio, como üm ''dia de festa dos trabalhadores de todos os países, durante o qual os trabalhadores devem manifestar os objetivos comuns de suas reivindicações, bem como sua solidariedade''.




No Brasil, as comemorações do 1º de maio, também estiveram relacionadas à luta por melhores salários e pela redução da jornada. A primeira manifestação registrada ocorreu em Santos, em 1895. A data foi consolidada, quando um decreto presidencial estabeleceu o 1º de maio como feriado nacional, em 1925. A efeméride ganhou status de ''dia oficial'', quando Getúlio Vargas era Presidente da República. Ele aproveitou o dia para anunciar, em anos diferentes - fruto de intensas lutas dos trabalhadores - , os reajustes de salários mínimos e a redução da jornada.




Em 2008, no dia 1º de maio, várias manifestações, em todos os Estados, serão realizadas, coordenadas pelas Centrais Sindicais - inclusive pela Central Dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB. As reivindicações prioritárias dos trabalhadores serão explicitadas publicamente, fazendo com que o 1º de maio seja um dia de luta.São elas:




* Redução da jornada de trabalho sem reduçào de salário
* Reforma agrária
* Ratificaçào da convençào 158 da oit, que impede demissão imotivada.
* Ratificaçào da convençào 151 da oit, que trata da negociação dos servidores públicos
* Fim do fator previdenciário


No dia 1º de maio, os dirigentes sindicais, ao mesmo tempo que lutam para que a sociedade seja mais justa precisam conscientizar os trabalhadores para que estes entendam que todos os direitos que temos hoje, mesmo que precários, são decorrência da luta desenvolvida pelos próprios trabalhadores em épocas diferentes e nos vários países. Muitos líderes perderam a vida e a eles devemos prestar nossas homenagens, inclusive aos ''Mártires de Chicago''.




O que os dirigentes sindicais devem fazer?




Atividade principal: mobilizar a diretoria da entidade e a categoria em geral, para estar presente nas manifestações de 1º de maio, isto é nos atos, passeatas, panfletagens e outros tipos de atividades desenvolvidas pelas várias entidades conjuntamente.



Na semana que antecede 1º de maio, e no próprio dia, a CTB estará empenhada em colher assinaturas pela redução da jornada de 44 para 40 horas, reforçando o projeto de lei dos atuais senadores Paulo Paim (PT-RS) e Inácio Arruda (PCdoB-CE).





Conceição Aparecida Fornasari, professora da Unimep, diretora do Sindicato dos Professores de Campinas e Região e da direção do PCdoB de Santa Bárbara do Oeste apresenta algumas sugestões do que as entidades sindicais poderão realizar, além de participarem das manifestações acima descritas:




1. Leitura de textos, poemas e projeção de filmes específicos com o objetivo de suscitar o debate sobre o Dia Internacional dos Trabalhadores, sua lutas e vitórias.




Sugestões de filmes:



Eles não usam black tie; Braços cruzados, Mäquinas paradas; Linha de Montagem; ABC da Greve; Os Peões; Segunda-Feira ao Sol; Tempos Modernos; Classe Operária vai ao Paraíso; Os Libertários; Germinal; Pão e Flores; Outubro; Terra e Liberdade; As Margaridas; A Luta pela Terra; Expedito em busca de outros Nortes; Morte e Vida Severina; O Canto da Terra; Terra para Rose; Patativa do Assaré o Poeta do Povo.




Sugestão de textos



Alguns autores importantes para a compreensão das lutas operárias e do sindicalismo, entre outros: Altamiro Borges e Antonio Augusto de Queiroz; Augusto César Buonicore; João Batista Lemos; João Guilherme Vargas Netto; José Carlos Ruy; Osvaldo Bertolino; Sergio Barroso; Umberto Martins (todos esses, colunistas do Vermelho); Armando Boito Júnior; Giovanni Alves; Marcio Pochmann.





Sugestões de endereços eletrônicos:

www.cttb.org.br
www.vermelho.org.br
www.dieese.org.br
www.diap.org.br
www.mtb.gov.br
www.oit.org.br




2. Poderá também ser realizado um fórum de debates com temas específicos sobre a situaçào específica da mulher trabalhadora, do trabalho infantil, do trabalho escravo.




As manifestações e demais atividades relativas ao 1º de maio serão base para o dia nacional de luta e paralisações - 28 de maio, cujas bandeiras principais serão redução da jornada e ratificação das convenções 151 e 158 da oit.




Desejo a todos os leitores um bom 1º de maio com muita luta, manifestações, atividades e homenagens a todos que contribuíram para que os trabalhadores conquistassem direitos e caminhassem rumo a uma sociedade justa e democrática.


http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=36221


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*Augusto César Petta, é diretor do Sindicato dos Professores de Campinas e Região, do Centro de Estudos Sindicais e membro da Comissão Sindical Nacional do PCdoB.




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