O sufoco do baiano para ter comida na mesa
A cada dia, o alimento encontra mais dificuldades para chegar à mesa do consumidor baiano. Consecutivos aumentos de inúmeros produtos da cesta básica têm feito com que o baiano precise fazer verdadeiros malabarismos na hora de garantir a refeição diária. Diversos produtos, como o arroz, feijão, pão e algumas verduras têm registrado grande variações de preços em curtos espaços de tempo. Até mesmo o gás de cozinha, indispensável na maioria das cozinhas, teve aumento anunciado e deve ter o preço reajustado em 5%. No acumulado dos últimos 15 meses, o reajuste dos alimentos básicos já é de mais de 15%.
A famosa combinação de arroz com feijão, por exemplo, está cada vez mais cara e é uma das principais reclamações do consumidor. Os dois itens registraram grandes aumentos nas últimas semanas e o feijão teve a maior alta entre dezembro de 2006 e janeiro de 2008. Em vários estados do país, o produto subiu mais de 100%. Já o arroz, somente nos últimos 30 dias, contabilizou um aumento de 15% e ainda deve sofrer novos reajustes nas próximas semanas. Em Salvador, o feijão é encontrado com variação de preço entre R$7 e R$8,50 enquanto o arroz está custando de R$1,50 a R$2.
Do mesmo modo, o pão – acompanhando uma expectativa de aumento de 25% da saca da farinha de trigo, principal matéria-prima do produto – deve encarecer em 12% nos próximos dias. Vendida atualmente a R$105, o preço da saca da farinha de trigo deve passar para R$125, o que – sem dúvida, garantem os empresários, influenciará no preço do pãozinho. Nas áreas nobres de Salvador, o preço do pão já sofre críticas por parte dos consumidores, entre R$7,60 e R$8,70, o quilo. Com o reajuste, o consumidor terá de enfrentar um valor ainda mais salgado: entre R$8,51 e R$9,74.
No caso do feijão, em algumas capitais a variação de preço chegou a superar 300%, como no caso de Fortaleza. De acordo com o índice da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o índice acumulado de aumento do feijão foi o de 123,8% no ano passado. Para a profissional autônoma Maria Elizabeth Nougueira, 47 anos, os aumentos consecutivos no preço do feijão têm prejudicado o orçamento familiar. “Tudo tem aumentado muito e o preço do feijão está um absurdo. Todo mês é um preço diferente e, na verdade, eu estou comprometendo muito mais do que posso só em alimentação”, disse.
O freqüente aumento no preço do famoso feijão tipo carioquinha se justifica, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pelas secas de julho e agosto do ano passado, que comprometeram as plantações, e a queda na produção das duas últimas safras. Dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que, em dezembro de 2006 a média de preço para 4,5 quilos do feijão tradicional era R$7,79. No ano passado – no mesmo mês – o valor já havia aumentado para R$24,48. (Por Alessandra Nascimento)
Alguns produtos precisam ser sacrificados
Somente entre novembro e dezembro do ano passado a variação do feijão, de acordo com uma pesquisa feita pela Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), foi de 30%. Para o consumidor, os aumentos em vários itens da cesta faz com que alguns produtos fiquem de fora das compras do mês. “Desde o início do ano passado o feijão tem registrado aumento. A situação está bastante complicada porque, o que antes era o habitual no almoço diário, já não pode mais ser consumido da mesma forma. Na verdade, o que eu tenho feito para garantir o feijão é eliminar outros produtos, aqueles que não considero tão essenciais para a minha família”, completou a confeiteira Rosana de Souza, 38 anos.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) esclareceu que a segunda safra do ano passado teve preços ruins para os produtores, o que influenciou a mudança de produto na terceira safra, onde os produtores preferiram o plantio de outros grãos, como milho e soja. Com o menor volume de feijão no mercado, obedecendo a lei da oferta e da procura, o feijão sofreu aumento.
Nos supermercados de Salvador, o preço do feijão varia entre R$6,80 e R$7,85. Nas feiras o preço é ainda maior: a variação é de R$7,20 para R$8,50. “Não tem onde venda barato. O feijão fica sempre entre R$7 e R$, não tem para onde correr. Está caro mesmo e está caro em todo canto”, resumiu a funcionária pública Maria Célia Senna, 42 anos.
Já o principal acompanhamento do feijão, o arroz branco, começa a apresentar aumento nos preços e assusta os baianos. Foram necessários apenas 30 dias para que o preço do produto mais básico da refeição diária aumentasse em 15%. No mês passado, em comparação ao mesmo período de 2007, o reajuste era de 0,50%. Nos supermercados da capital baiana o preço varia entre R$1,70 e R$2,05. Nas feiras o valor permanece sempre acima dos R$2. “No mês passado estava de R$1,40, agora já passou para R$1,70.
Tudo está aumentando, toda vez que venho ao supermercado é um produto que aparece com valor superior”, reclamou a dona-de-casa, Isadora Gomes, 32 anos. A justificativa é a de que o Brasil, embora produtor do arroz, não teve uma safra considerada boa para elevar os estoques domésticos diante de uma economia aquecida.
FONTE: TRIBUNA DA BAHIA
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