Com a finalidade de provocarmos e obtermos uma resposta do Governador da Bahia Jacques Wagner nestes dias de ativismo estamos publicando mais uma vez a carta pública e até esta data sem resposta.
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Carta ao Governador Jacques Wagner.
Bahia, Brasil. Janeiro 2008.
Companheiro Wagner,
Sabemos que muita coisa vai demorar a ser concretizada em nosso Estado e em nosso País. Sabemos também que os cargos ocupados por delegados, promotores e juízes são méritos pessoais alcançados por serviços prestados ou que pelo menos assim deveria ser. Mas acredito também que está na hora de uma análise da sua parte das ações de muitos, principalmente no interior do Estado da Bahia.
No que se refere às causas da mulher, a Lei Maria da Penha sofre a morosidade típica das grandes sociedades burocráticas. Mas, mesmo assim, apelamos para o companheiro no sentido de que nossas denúncias sejam ouvidas.
Governador me responde uma coisa: um delegado pode tomar partido antes que a apuração policial seja realizada? O delegado pode achar a vítima, mulher ou não, culpada sem que os fatos sejam apurados? O delegado pode decidir em receber ou não a queixa de uma vítima? O delegado pode rir na cara da vítima? Características assim me parecem ser de governos que nós lutamos para expulsar, razão de sua votação ter sido tão expressiva.
Pode também promotor do Ministério Público indicar que uma pessoa que mora a 600 km da capital venha se tratar psicologicamente em um dos Centros de Referência de Salvador?
Não está na hora de ter uma política voltada para a mulher no interior do Estado? De saber que nos mais de 400 municípios a violência corre solta, selvagem e desordenada? Qual é o seu projeto para conter esta onda?
Quando a vítima é uma mulher de mais de quarenta anos então a coisa se torna pior. Nós não fomos preparadas para a luta armada, não trocamos nem socos nem pontapés, não fizemos cursos de lutas nem orientais nem ocidentais. Não participamos de esportes violentos, radicais. O que nos resta então?
Confesso que hoje temos que estimular em nossas filhas a aprendizagem da defesa pessoal. Da capoeira ao tiro ao alvo. Não é guerra não. É sobrevivência. Do contrário teremos que usar soqueiras medievais para garantir o direito à vida.
Mulher na Bahia ainda sofre diversos preconceitos: primeiro tem que responder sempre a célebre “o que é que a baiana tem?”, como se isto colocasse prestígio em nossas vidas. Somos produto de exportação como mulheres brasileiras, em razão do rótulo que nos presentearam.
Governador Wagner, precisamos compreender a sua política em relação às mulheres. O plano do Presidente Lula está no papel. O enfrentamento a violência reuniu lideranças femininas.Mas não conseguimos sentir ainda as suas ações.
Como eu votei em você, como estou em seu partido há muitos anos, estou esperando suas atitudes.
Espero que, por exemplo, me permita levar até você a vítima ou uma das vítimas do amordaçamento que existe no interior da Bahia.
Fiz questão de dizer isto porque estou ficando cansada de ouvir que é do meu partido, do governo que ajudei a eleger que persistem tais atitudes.
Lamento que gente da sensibilidade de Emiliano José e Moema Gramacho não esteja cuidando de assuntos como estes que exigem sensibilidade e compreensão política. Mas que exigem sobretudo respeito à lei, respeito à Constituição.
Para não colocar em perigo a vida das pessoas que estão no interior do Estado não darei os nomes aqui. Mas alguém poderá morrer nos próximos dias como vítima do descaso do Estado. Fica a denúncia.
Ao dispor,
Vera Mattos
Presidente da Fundação Jaqueira
Integrante do Fórum de Mulheres do Mercosul
Dirigente da Rede Risco Mulher Brasil
Membro do Fórum de Segurança Pública Nacional
Membro da Rede Nacional de Direitos Humanos.
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ResponderExcluirIt is the little changes that will make the most significant changes.
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