segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Violência contra as mulheres já somam 15.680 atendimentos em Salvador.

15.680 atendimentos gratuitos à mulher vítima da violência




Comemorando três anos de fundação nesta terça-feira (dia 25), o Centro de Referência Loreta Valadares (CRLV), unidade vinculada à Superintendência Especial de Políticas para as Mulheres da Prefeitura do Salvador (SPM Salvador), atende a mulheres vítimas de violência, de todas as espécies, como perseguição psicológica e agressão física.
A festa de aniversário começa às 10 horas, com apresentações musicais e teatrais, além da exposição “Mulher, Jornal e Notícias” - focada em mulheres que se destacaram no combate à violência e na valorização da mulher, desde a década de 70 até os dias atuais - e uma mostra de vídeos com a mesma temática. A exposição e a mostra de vídeos continuam até o dia 10 de dezembro, na sede do CRLV.
O Centro já realizou 15.680 atendimentos desde a fundação, sendo 120 de rotina e 30 novos casos apenas no mês de outubro. Para a gerente do CRLV, Ligia Margarida Gomes, estes números são o resultado do trabalho de prevenção efetuado nas comunidades. Inclusive, já fez o atendimento de mulheres moradoras de cidades vizinhas, como Mata de São João e Feira de Santana. “As mulheres nos procuram, através do tele-atendimento e nós fazemos a orientação”, explicou Ligia.
O Centro oferece serviço público gratuito, com atendimento psicológico, social, jurídico, além de apoio pedagógico para os filhos das usuárias. O serviço mais procurado é o psicológico, visto que muitas das vítimas que recorrem ao Centro precisam de apoio para enfrentar o problema. O objetivo é fazer com que elas se sintam respeitadas e amparadas. A equipe é formada por duas psicólogas, três assistentes sociais, dois pedagogos e funcionários da administração.
Ligia classifica o Centro como uma conquista extremamente importante no combate à violência contra a mulher. “As moradoras de comunidades de baixa renda não tinham a quem recorrer. Com a criação do Loreta Valadares, elas passaram a contar com apoio psicológico. É um ganho enorme”.
Mulheres que enfrentam este problema em casa, no trabalho ou em outros ambientes, podem procurar o Centro, na sede, situada na Rua Aristides Novis, nº 44, na Federação, ou através do tele-atendimento, pelo telefone 3235-4268. Com a primeira ligação, elas passam a ser orientadas de como agir e são convidadas a conhecer o órgão e receber um atendimento completo.
Além deste serviço, o Centro realiza palestras e seminários em comunidades de toda a cidade, incluindo as ilhas integrantes da capital baiana. Realiza também projetos como o “Acerto de Contas”, que tem o objetivo de instrumentalizar as mulheres para a conscientização sobre as políticas públicas desenvolvidas para o público feminino.
Aos 44 anos e mãe de três filhas, uma usuária (que preferiu não se identificar) sofreu violência psicológica e física em seu casamento. Ela conta que no início parecia ser simples ciúmes, mas cresceu e se transformou em ameaças, até culminar em agressão física. “Ele tinha ciúmes dos meus colegas de trabalho e não deixava que eu visitasse minha família. Chegou a me agredir com uma panela. De tanto ele afirmar que eu era uma péssima mãe e esposa, eu me convenci disso”, contou.
Depois de dar queixa na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), foi encaminhada à antiga Pousada de Maria (lar que acolhia mulheres que sofriam violência doméstica), onde ficou por quase um ano, até criar coragem de enfrentar o ex-marido. Foi então que conheceu o CRLV e passou a receber orientação psicológica. “Gostei muito de lá. Fui bem recebida. A casa é um lugar reconfortante”, contou.
Hoje, vive com as filhas, continua freqüentando o Centro, mas como não conseguiu emprego, depende financeiramente do ex-marido. “Esta é a pior parte. Ele é quem sustenta a casa e fica alegando que eu dependo dele”. Apesar de tudo, ela tem no olhar a força e a esperança de quem é capaz de tudo para se manter erguida, junto às filhas.


Por Lucy Andrade / Tribuna da Bahia

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