sábado, 10 de julho de 2010

Crimes bárbaros contra as mulheres. Somos todas vulneráveis.

Frieza de Bruno faz lembrar outros crimes bárbaros
Guilherme de Pádua foi ao enterro de Daniella Perez, Suzane Richtofen chorou pelos pais. Comportamento é compatível com o de psicopatas
Lucila Soares


Chegada do goleiro Bruno do Flamengo com roupa de presidiário ao Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Minas Gerais (Domingos Peixoto/Agência o Globo)
Novas técnicas de mapeamento cerebral permitem detectar um atraso no desenvolvimento da área do cérebro chamada córtex pré-frontal, que é responsável pelo julgamento moral. A lista de características desses indivíduos cai como uma luva em personalidades como Bruno




O assassinato da jovem Eliza Samudio tem todos os ingredientes que tornam um crime chocante. Envolve seqüestro, agressões, tortura e uma morte trágica, com o corpo despedaçado e jogado aos cães. A cada detalhe dos depoimentos a história se torna mais terrível. Mas o que mais impressiona é a frieza do goleiro Bruno Fernandes, de 25 anos, desde o início o principal suspeito do crime. Desde que o caso veio a público, Bruno se comportou como se nada estivesse acontecendo. Participou de treinos – até que o Flamengo decidiu afastá-lo – e disse que um dia ainda iria “rir de tudo isso”. Entregou-se à polícia com um único lamento: o fim do sonho de jogar na Europa e disputar a Copa de 2014. “Eu ia para o Milan agora. Estava com o contrato nas minhas mãos”, disse o jogador aos policiais que o acompanhavam. De acordo com um dos depoimentos mais horripilantes – o de seu primo Sérgio Rosa – Bruno refrescou-se com uma cerveja ao voltar do local onde acabara de assistir ao assassinato de Eliza.

A total ausência de emoção de Bruno, suspeito inicialmente de ser o mandante do crime e agora acusado de ter atraído pessoalmente Eliza para a morte, coloca esse caso ao lado de outros que horrorizaram o Brasil nos últimos tempos. Depois de assassinarem a atriz Daniella Perez, Guilherme de Pádua e Paula Thomaz foram abraçar a novelista Glória Perez, mãe de Daniella. A jovem Suzane Richtofen foi fotografada aos prantos no enterro dos pais, mortos a seu mando, por seu namorado. O casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, hoje condenados pelo assassinato de Isabella Nardoni, de cinco anos, foi quem avisou à mãe da menina que sua única filha havia caído da janela. São atitudes estarrecedoras pelo que representam: a crueldade em estado bruto, fenômeno que põe em xeque todos os valores da condição humana. “Nenhum de nós quer pertencer à mesma categoria que esse tipo de criminoso”, diz o psiquiatra Talvane de Moraes, estudioso das motivações que levam o indivíduo ao crime.

Cérebros assassinos - Essa angústia humana em descobrir o que leva alguém a ser tão “desumano” está na origem dos primeiros estudos sobre a mente de ladrões e assassinos. A busca por um tipo físico característico do criminoso orientou grande parte da ciência forense no século XIX, e não prosperou. Vide o aspecto absolutamente normal de todos os criminosos citados no parágrafo anterior. Mais recentemente, a ciência conseguiu avanços consideráveis no estudo da mente criminosa. Descobriu-se que existem indivíduos portadores de um distúrbio classificado pela Organização Mundial da Saúde como “Transtorno de personalidade antissocial”, ou psicopatia. Novas técnicas de mapeamento cerebral permitem associar esse transtorno a um atraso no desenvolvimento da área do cérebro chamada córtex pré-frontal, que é responsável pelo julgamento moral. A lista de características desses indivíduos cai como uma luva em personalidades como Bruno:

Indiferença e insensibilidade pelos sentimentos alheios.

Atitude flagrante e persistente de irresponsabilidade e desrespeito por normas, regras e obrigações sociais.

Incapacidade de manter relacionamentos, embora não haja dificuldade em estabelecê-los.

Muito baixa tolerância à frustração.

Baixo limiar para descarga de agressão, incluindo violência.

Com a ajuda dos amigos - Para a psiquiatra Vera Lemgruber, chefe do serviço de Psiquiatria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, as atitudes de Bruno são indícios importantes de que ele pode ser um psicopata. Mas isso só poderá ser confirmado com exames especializados. E, ainda que se confirme, não explicará toda a barbaridade envolvida no caso. Bruno contou com uma rede de pessoas dispostas a ajudá-lo a levar seu plano de “resolver o problema”. Essa rede era formada por amigos antigos e parentes que gravitavam em torno de Bruno, usufruíam de alguma forma de sua fama e de seu dinheiro e aumentavam a onipotência que frequentemente toma conta dos ídolos. É algo comum no mundo do futebol, e muitas vezes é composta por pessoas com um pé (ou os dois) na marginalidade. Mas não são necessariamente assassinos em potencial. Poderiam ter se recusado a fazer sua parte no "serviço".

Nesse caso em que há muito mais dúvidas do que certezas, o que se pode afirmar sem medo de errar é que Bruno jogou por terra uma vida com a qual pessoas que nasceram pobres como ele sequer podem sonhar. Com salário de 200 000 reais, ele era um dos jogadores mais caros do Flamengo. Tinha patrocinador próprio e uma linha de produtos esportivos com seu nome. E perdeu tudo isso porque se recusou a resolver na Justiça uma situação nada incomum, principalmente em seu meio: um filho fora do casamento. Detalhe: segundo Anne Faraco, advogada de Eliza, o que a jovem queria era o reconhecimento da paternidade e uma pensão. De seis mil reais por mês. Se for condenado, resta-lhe, paradoxalmente, torcer para ser enquadrado como psicopata. Nessa condição, poderá obter redução de um terço a dois terços da pena.

Um comentário:

  1. Realmente,uma total frieza!!!
    É muito sofrimento!!!!Sofri muito com o caso da Mércia da Elisa Samúdio e de muitas outras...
    Me separei em 2002 e meu ex tentou me matar, provocando um acidente (a qual tenho todos os documentos mostrando que ele foi o autor do acidente), fiquei internada na UTI por 5 dias, foram quase 1 ano de cadeiras de rodas e muletas, me emociono ao contar!!!Fiquei casada com ele por mais ou menos 13 anos.Resolvi separar, por cansar de muitas humilhações e agressões física por parte dele. Criei nosso filho sozinha, a única coisa que eu contava da sua parte era uma cesta básica pequena, um mês sim um mês não, e quando ele invocava resolvia de última hora corta essa cesta ficando até 9 meses sem dar nada , ficava sem chão, sendo assim resolvi entrar na justiça para ter uma ajuda financeira para poder sustentar meu filho, foi quando ele resolveu me agredir novamente.Esperar o que dessa justiça omissa? Quantas vezes procurei a justiça e foi em vão...Fui ameaçada por várias vezes que a irmã da atual esposa dele a antiga amante era da polícia... Fiquei mal e resolvi vir embora para o estado em que a minha família mora, para que eu possa ter mais segurança!!!Aguardo a decisão judicial, pois já vai fazer 4 anos que dei entrada no processo de pensão alimentícia, recebi semana passada um parecer da minha advogada dizendo que a audiência será dia 02 de setembro. Fazer o quê?"ESSE É O NOSSO BRASIL..."

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