sábado, 8 de outubro de 2011

Padre Marcelo Rossi realiza o sonho e constrói santuário para 100 mil pessoas por celebração.


 


 
07/10/2011 - 08:12

EXCLUSIVO: À Contigo! Online, padre Marcelo conta que terá cripta em templo que constroi com dinheiro da venda de livro

Santuário deve estar aberto ao público a partir de dezembro
Por Camila Borowsky, Contigo! Online
Lailson Santos
Padre Marcelo Rossi
Padre Marcelo continua caminhando com auxilio de bengala
Ainda caminhando com a ajuda de uma bengala, padre Marcelo Rossi comemora o fim de uma fase ruim. Para ele, os meses de tristeza profunda – que começaram após sofrer uma queda na esteira ergométrica - serviram como uma prova de que Deus escreve certo por linhas tortas. Enquanto sentia medo de não ficar bom para ver o papa Bento XVI, o religioso começou a escrever seu livro, Ágape, que permanece há mais de um ano no topo da lista dos mais vendidos – contabilizando cerca de 7 milhões de exemplares - ultrapassando números de Paulo Coelho no Brasil. Há menos de um mês ele lançou o CD que leva o mesmo nome, que já foi comprado por mais de um milhão de pessoas.

Com o dinheiro arrecadado, padre Marcelo conseguiu fazer seu grande sonho se tornar realidade: iniciar a construção de um santuário, previsto para ser inaugurado em dezembro, onde 100 mil fieis poderão assistir à missa ao mesmo tempo. No local, que tem o pé direito de 42 metros e contará com 500 banheiros, ele planeja ficar por toda a eternidade, já que uma cripta embaixo do altar abrigará seus restos mortais.

Em conversa exclusiva à Contigo! Online, o padre falou de tempos difíceis, da fase antes de decidir pela vida celibatária e de vaidade. Confira conversa na íntegra abaixo:

Contigo! Online - Seu livro, Ágape, está no topo da lista dos mais lidos do país há mais de um ano. A que o senhor deve tamanho sucesso?
Padre Marcelo - Nunca existiu quem vendesse tantos livros. Chegamos a 7 milhões. Nem Paulo Coelho vendeu tanto no Brasil. O sucesso, acredito, é porque tenho um livro regido por Deus. Ele me pegou numa fase em que eu não estava bem, tive o acidente (quebrou o pé correndo na esteira). E eu, que sou muito agitado, precisei ficar parado por 7 meses – cadeirante, depois com muleta e ainda agora com a bengala. O próprio título, Ágape, chama as pessoas. O que é Ágape? É o amor generoso, o amor incondicional de Deus. O mundo que nós vivemos hoje é o amor Eros, que é o amor paixão, que você hoje ama e depois você odeia, que há gente que até mata em nome dele.

Contigo! Online - E o Ágape musical?
Padre Marcelo – Esse já está com um milhão de cópias vendidas em menos de um mês. A Paula Fernandes, que foi a artista que mais vendeu CDs no ano passado, vendeu um milhão em um ano. Eu vendi em um mês agora. Mas sabe qual a minha vantagem? Meu público não compra pirata porque o pirata é crime, então levam o original. É uma vantagem que os artistas não têm. Eles podem até tentar piratear e vão conseguir um ou outro, no máximo. Mas o preço do CD é acessível, R$ 19,90. E a qualidade não tem comparação com pirata. O Guto Graça Melo (produtor) disse que esse CD era minha libertação. Comecei a fazer várias músicas – metade religiosa católica, metade religiosa evangélica. Não quero atacar ninguém, pelo contrário. E então chamei o Belo e foi um sucesso.

Contigo! Online – Por que chamar o Belo?
Muita pessoas me perguntaram isso: por que o Belo? Eu o escolhi porque trabalho muito com ex-presidiários, para eles terem uma segunda chance. E o Belo pagou pelo que ele fez e se arrependeu. A música com ele (Noites Traiçoeiras) ficou maravilhosa.

Contigo! Online - A VEJA chegou a noticiar que o senhor tirou R$ 25 milhões do próprio bolso para a construção de seu santuário (em São Paulo). Por que a ideia de construir um templo tão grande?
Padre Marcelo - Eu sou um padre secular, então todo e qualquer trabalho que não vem da igreja, por exemplo, livros, CDs, pertence a mim. Só que desde o início eu passei a renda dos CDs e do livro que, com certeza foi fundamental pra isso, para que tenha 50% do santuário pronto, para ele começar a funcionar no dia 1º de dezembro. A igreja abrigará 100 mil pessoas, servindo como um cartão de visitas de São Paulo. A igreja precisa tanto de santuários como de catedrais. Nós também teremos uma cripta e eu vou morar lá, ou melhor, meu corpo, depois que morrer, assim como outros padres e cardeais. Fizemos a cripta embaixo do altar. No dia 12 farei uma festa lá para testar o som. Quero ver como vai ficar tudo direitinho. Não podemos arriscar. Agora, concluímos 50% da obra. A construção começou há oito anos. E, acredito, segundo o engenheiro, deve ficar completamente pronta em cinco anos. Mas este ano já estará funcionando – primeiro sábado e domingo. Aí durante a semana, eles vão colocando os detalhes. No início nós teremos cadeiras, mas depois serão bancos. É uma alegria ter um sonho realizado e as expectativas são grandes. Essa será a primeira igreja moderna com essa capacidade.

Contigo! Online - Há alguns dias, na Paraíba, um homem usou o seu nome para roubar um casal de idosos. Disse que era seu irmão... Isso é algo comum?
Padre Marcelo - Que triste. Estão brincando com o nome de Deus, brincando com o nome de um filho de Deus. Usando o nome para uma coisa dessas, imagina? Quem é de Deus nunca vai cobrar nada – e começa por aí. Eu não tenho irmão. Eu tenho duas irmãs. E já falei mil vezes, para todo mundo, que eu tenho duas irmãs. Eu não peço dinheiro. Você pode assistir qualquer missa minha e vai ver: eu nunca pedi dinheiro.

Contigo! Online - Outro assunto delicado: a visita do papa Bento ao Brasil em 2007. O senhor disse à VEJA que integrantes da arquidiocese de SP capricharam em te humilhar, fazendo o senhor cantar durante a madrugada e impedindo que visse o religioso. O senhor ainda mantém o mesmo discurso?
Padre Marcelo - Vamos colocar a coisa clara: eu conheci o papa como cardeal. Estive com ele por 15 minutos quando ele trabalhou com meu bispo, Dom Fernando Figueiredo, por oito anos, na doutrina da fé. O que aconteceu é que a arquidiocese é autônoma e a organização colocou eu e padre Jonas (Líder da Comunidade Canção Nova) para cantar às 5 horas da manhã, quando fazia muito frio. Então o pessoal me perguntou: "Padre, por que você não cantou com o papa? Por que você não cantou no Pacaembu?" E eu dizia: "Gente, não sou eu, é a organização que não gosta de mim, eu não posso fazer nada."

Contigo! Online – Que sentimento é esse que faz alguém de quem se espera uma atitude correta fazer algo assim?
Padre Marcelo - Através das músicas, acabei na mídia não religiosa. Então o grupo da Teologia da Libertação, que não gosta muito de mim, me chama de padre midiático. Há quem diga que a ala conservadora da igreja que não gosta de mim. Pelo contrário, é a ala conservadora que me apoia. O Papa volta em 2013, no Rio de Janeiro, e eu, com certeza, estarei lá. Mas nada como o tempo, depois (em outubro de 2010) eu fui até Roma, para receber o prêmio Van Thuân de "Evangelizador Moderno".

Contigo! Online - Nesse tempo de depressão que o senhor passou, logo depois do acidente, chegou a pensar em abandonar a batina?
Padre Marcelo - Jamais. Nunca, nunca, nunca. Eu só estava triste porque eu tinha a possibilidade de não ver o papa. E eu resolvi não fazer cirurgia, tanto que não estou 100% recuperado. Mas Deus escreve certo por linhas tortas. O santuário nunca ficaria pronto, não estaria inaugurando, se não fosse o livro. Ele foi fundamental.

Contigo! Online - O senhor chegou a alfinetar o padre Fábio de Melo em entrevista ao Jornal da Tarde, dizendo que fala coisas desnecessárias para as meninas durante os shows. Que coisas são essas?
Padre Marcelo - Falei o seguinte: Eu acho que o padre deve usar a roupa clerical (batina). Se eu for a um lugar sem a roupa de padre, eu não sou padre. Um policial que não está fardado, não é policial. Então acho que é muito perigosa a exposição com roupas normais. Não é legal. E isso que achei triste. Eu quero ajudar as pessoas. Quero que outros padres apareçam. E isso não é crítica, isso eu falo na cara dele. Mas, não usando a roupa, você dá chances para as meninas falarem coisas... A missão do padre é levar Jesus. E ele está levando, mas do jeito dele. Eu falei: "Usa pelo menos a roupa de padre". Eu sempre me expus na mídia, mas nunca perdi a identidade. Eu sou padre e as pessoas me veem como padre. A partir do momento que eu não me visto como padre e começo a cantar, as pessoas começam a me ver como um cantor. Eu não sou um cantor, eu sou padre. Um padre que canta.

Contigo! Online – Em uma outra entrevista o senhor deu uma declaração muito curiosa sobre sua única vaidade, que é usar um remédio para evitar a calvície e que provocaria impotência. Um padre deve ter vaidade?
Padre Marcelo - Eu sou humano, concorda comigo? E isso não é vaidade. Começou com um médico que chegou e me indicou um remédio contra a queda de cabelo. Realmente, comecei a tomar e 40% do meu cabelo voltou. Só que tem um problema seríssimo: ele mexe com a libido da pessoa. Então, a pessoa fica impotente. Como eu vivo a vida celibatária, não há problemas.

Contigo! Online - E como está sua saúde? Tudo aconteceu porque o senhor estava correndo na esteira? Já emagreceu os quilos que ganhou naquele tempo de tristeza profunda?
Padre Marcelo - Tentei voltar a correr, fui desobediente ao médico e acabei com um edema ósseo. Então, agora estou fazendo fisioterapia para poder evitar mais problemas. Eu engordei 12 quilos. E agora já voltei à minha forma original. Isso depois de parar de tomar o remédio, que tinha corticóide. Não era gordura de comer muito, era inchaço. Foi só parar e em um mês eu perdi 12 quilos.

Contigo! Online - Na música, padre, quem são seus ídolos?
Padre Marcelo - Na verdade, quando eu faço esteira, eu preciso de outro ritmo, então ouço U2, Eric Clapton e Phil Collins. São bandas de rock, mas não um rock pesado. E ajuda a caminhar. Eu preferiria correr na rua, mas não dá. Aí me param, aí chamam "padre!" e, no fim, você acaba não fazendo exercício.

Contigo! Online - Padre, o senhor já declarou que já teve namoradas antes de decidir entrar para a igreja, certo? O senhor já se apaixonou por alguém?
Padre Marcelo - Sinceramente não. Eu me apaixonei por Jesus, Ele é minha razão de viver. Tive várias (namoradas). Mas, graças a Deus, quando eu entrei para o celibato, eu sabia claramente a minha missão.

Contigo! Online – Então o senhor nunca precisou evitar a quebra do voto de castidade?
Padre Marcelo - As pessoas me veem como padre. Quando alguém vem com outra intenção, eu percebo e imediatamente corto. Eu sei que na cabeça de muitas mulheres, nós, homens que fizemos o voto celibatário, somos o fruto proibido, então tenho isso claro na minha vida – e deixo claro que a minha missão é outra. Então, por isso, que volto na questão da roupa, a importância de usá-la.


Divulgação
Padre Marcelo recebe prêmio de papa Bento
Padre Marcelo recebe prêmio das mãos do papa Bento
Divulgação
Santuário
Santuário será entregue (ainda parcialmente pronto) para comunidade em 1º de dezembro





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