"Presidente Lula, não renove o mandato das tropas. Retire imediatamente os soldados do solo do Haiti!" – com esse grito na boca, uma pequena multidão está sendo esperada, no ato que vai acontecer no próximo dia 10, sexta, a partir das 17 horas, em frente ao escritório do governo federal, na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta, em São Paulo.
Os protestos contra a presença brasileira no Haiti vêm crescendo, às vésperas da data em que será renovada ou não a presença das tropas de cerca de 40 países no território haitiano. O acordo pela permanência das tropas se esgota em outubro. O Brasil comanda a missão da ONU, que reúne cerca de 9 mil soldados, desde 2004.
Cada vez mais, os haitianos encaram a ocupação estrangeira como mais uma nota triste, na longa história de humilhações sofridas pela nação que foi a primeira do continente americano a se libertar do jugo da escravidão, no período colonial, e a única de que se tem notícias a promover uma revolução vitoriosa comandada por escravos, em 1804.
Mas apesar dessa história ímpar, desde então o Haiti padece em conseqüência de boicotes, invasões e do domínio exercido potências imperialistas, em mais de 200 anos de exploração que resultaram num doloroso processo de instabilidade social. Com 8 milhões de habitantes, é o país mais pobre das Américas. 60% da população ativa está desempregada, 80% do povo vive abaixo da linha de pobreza e a expectativa de vida não chega a 50 anos.
Inúmeras organizações sociais do Haiti vêm denunciando casos de assassinatos, invasões a bairros populares, estupros, dentre outras barbaridades, atribuídos à coalizão de forças estrangeiras chamada "Minustah". Dizem que as forças não são de paz, não têm contribuído para a reconstrução do país, arrasado por crises internas e desastres naturais (nos meses de agosto e setembro, a passagem de furacões e tempestades no Haiti contabilizou, até agora, 793 mortos e centenas de desaparecidos), mas apenas para humilhar e interferir no direito à autodeterminação do povo haitiano.
A manifestação do dia 10, em São Paulo, é organizada por várias entidades, com destaque para o MST, Movimento Negro Unificado (MNU) e uma parcela do PT. Outras iniciativas também estão sendo tomadas. O Comitê pela Retirada das Tropas Brasileiras do Haiti se reuniu em setembro, em Brasília, com a Comissão de Relações Exteriores do Senado para reivindicar a retirada das tropas. Ficou acertada a data de 12 de novembro para uma audiência pública. Fazem parte do Comitê a Conlutas, Rede Jubileu Brasil e Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (IDDH).
Fonte: Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br)
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