segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Em Salvador, filho de promotora mata amigo em discussão

Uma discussão entre dois amigos de infância acabou em tragédia no final da tarde do último sábado. O desentendimento entre João Luis de Castro Oliveira, de 42 anos, apelidado de “João Mamão”, e o filho de uma promotora de Justiça, Geo Liberato de Matos, 40, acabou com a morte de João, depois de sair ferido com um tiro na barriga e outro na coxa. Geo foi ferido com um tiro no olho. A mãe de Geo, a promotora Leia Liberato de Matos, contou que os dois eram usuários de droga e moravam na Rua José Duarte, bairro do Tororó, onde aconteceu o crime.
A mãe ressaltou que uma droga que Geo guardava em sua casa, destinada ao seu consumo, desapareceu após João ter entrado na residência, onde tinha livre acesso. Foi o estopim para a agressão. “Geo estava na praia e ao retornar para sua casa percebeu que a droga não mais estava e a empregada contou a ele que apenas João tinha entrado no imóvel. De repente, João retornou à residência de Geo, que logo questionou o sumiço do entorpecente e os dois começaram a discutir. Geo estava armado e João o dominou com a intenção de tomar a arma. Durante a luta a arma disparou, atingindo Geo, em um dos olhos. Ao ver o amigo sangrando e gritando desesperadamente, João teria atirado em sua própria barriga”, disse a promotora ressaltando que soube das informações através de moradores que presenciaram o ocorrido.
Testemunhas contaram que enquanto os dois homens lutavam, foram disparados vários tiros, até que Geo e João foram feridos. A promotora assim que soube do ocorrido foi até o local e levou o seu filho para um hospital particular. João, ferido com um tiro na barriga e outro na coxa, foi conduzido ao Hospital do Exército pelo fato de seu pai ter sido oficial da corporação, mas depois de esperar algum tempo, o hospital revelou que não podia atendê-lo em virtude da idade da vítima não ser mais atendida pelo plano.
João foi então encaminhado ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas não sobreviveu e morreu por volta das 19 horas de sábado. A promotora se mostrou arrependida por não ter prestado socorro a João. “Na hora da agonia, havia muita gente em volta, e quando vi o meu filho caído sobre uma poça de sangue eu não sabia se estava morto ou vivo; só pensei em socorrê-lo. Pedi a populares para colocar João no carro, mas a esposa do meu filho disse que ele estava morrendo e pediu para eu sair logo para o hospital”, contou.
A promotora desmente versão publicada em um site na internet de que a discussão teria sido por disputa de pontos de drogas. “Nenhum dos dois era traficante, eles apenas usavam”, reforçou o sobrinho de João, o técnico de informática Fernando Maich. Ele acredita numa fatalidade. Ele disse que os dois eram muito amigos, mas que viviam em discussão. Sobre quem teria atirado em quem, Fernando preferiu silenciar, alegando não saber nem quem portava a arma. “Só sei que a arma desapareceu e meu tio está morto. Não acredito que ele mesmo tenha atirado em sí próprio”.
A esposa de João revelou à promotora Leia Liberato de Matos que o seu companheiro tinha saído de casa armado, mas a arma do crime pertencia a Geo, que foi comprada segundo a promotora por João na mão de um policial militar há duas semanas. “Quando cheguei no local do crime, o revólver estava no chão, então pedi a um homem que me entregasse a arma, mas ao chegar no hospital deixei o carro aberto e a arma desapareceu do porta-luvas”, explicou.


Poucos acompanharam o sepultamento


“Se eu estivesse lá não haveria morte”, essa foi a declaração emocionada de Paulo Santos, durante o enterro do amigo João Luis de Castro Oliveira, de 42 anos, na tarde de ontem, no cemitério do Campo Santo. Desesperados, os amigos não entendiam o real motivo do crime. “Eles foram criados juntos como se fossem irmãos. Assim que Geo sair do estado de choque, ele vai perceber a bobagem que fez em um momento de impulso.”, disse Santos.
Uma amiga da família que não quis se identificar desmente a versão de que a causa da morte de João tenha sido por tráfico de drogas. “Eu estava no local e vi os tiros. A briga começou porque João queria o carro de Geo emprestado. Diante da recusa do amigo, João teria se exaltado e entrado em luta corporal com Geo, depois ouvimos os tiros.”, afirmou a amiga, que também disse que o estopim da briga foi por ciúmes que João tinha de Geo.”Ele emprestava o carro para Pepeu e outros amigos da gente.”, disse.
De acordo com outros amigos da vítima, os dois eram usuários de drogas, mas não são envolvidos com o tráfico. João era casado e dono de um bar no bairro do Tororó. Geo gerenciava uma oficina mecânica. Os dois amigos viviam em discussão. Durante uma briga, há um mês Geo teria entrado em luta corporal com João e o ameaçado de morte. Toda vez que eles estavam sob o efeito da droga aconteciam essas discussões. Geo está internado no Hospital Aliança e não corre risco de morte. Ele perdeu a vista esquerda. Segundo a família, ele está em estado de choque porque não imaginava que perderia o amigo.
A promotora Leia Liberato de Matos revelou que João e Geo eram amigos desde a infância. “Eu tinha João como um filho. No dia do crime ele esteve aqui na minha casa e trouxe um peixe para o almoço, mas acabou não vindo almoçar. Tudo isso que aconteceu parece um filme de terror. É difícil de acreditar nessa tragédia”, disse. Leia disse que a esposa de João revelou que ele antes de morrer pediu desculpas e mandou um recado para a promotora dizendo que cometeu o crime por amor. “Amor de irmãos, como eles se consideravam”.
João não tinha filhos e morava com uma mulher de prenome Simone. Ele trabalhava gerenciando o patrimônio da família. Geo é casado, tem três filhos e trabalha em sua oficina. Seu estado de saúde, segundo sua mãe, é instável, mas ele perdeu o olho esquerdo.
O crime está sendo investigado na 1ª Delegacia (Barris). (Por Tatiana Ribeiro)

2 comentários:

  1. Verifique o passado dos dois, descobrirá fatos cabeludos. Nenhum dos dois era flor que se cheire. Seu passado te condena. Antes até da maior idade.

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  2. Esse é um crime bom para ser dissecado, na minha pesquisa na internet esse foi foi o relato mais consistente, apesar de pesar para o lado de uma mãe, louca, que viu um filho legitimo assassinar outro. As raízes disso tudo são profundas e tem que ser investigadas com cuidado inclusive por Lidivaldo Brito.

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