segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
PARA TERMOS BOAS NOVAS
Leitura de fatos violentos publicados na mídia
Ano 9, nº 01, 12/01/09
PARA TERMOS BOAS NOVAS
É 2009 e o tempo ainda é contado aos dias com apenas seis deles transcorridos. O ano está quase intacto, cada amanhecer inaugura um primeiro dia da semana na agenda. Nesse breve intervalo são registrados 50 homicídios em Salvador e região metropolitana, conforme noticia o jornal A Tarde em 6 de janeiro.
Quase dez mortes por dia, embutidas no interior das horas, nas intermináveis frações de minuto. E o ano nasce morto para tantas famílias, tantos tecidos comunitários têm as esperanças abaladas quanto aos votos de um feliz ano novo.
Não se pode recorrer a um recomeço através do artifício da anulação do tempo, reiniciando-se a contagem da primeira hora. O ano está nascendo feio e com uma feiúra que parece não ter freios. Morrem os mesmos dos anos passados, agora multiplicados, à maneira de epidemia em fase de pleno descontrole.
Notícias como essas amortecem a euforia que costuma caracterizar a atmosfera de janeiro. São mensagens que quebram o clima de magia contido nas trocas de voto que vislumbram um novo tempo. É provocada uma estranha impressão de inconveniência em relação a tais notícias, é como se estivéssemos em um tempo no qual deveriam ser interditadas as pronúncias que sugiram fracassos em relação à desejada quadra de saúde, prosperidade e alegria.
Infelizmente, o problema não reside nas notícias e sim nos seus referentes, nos acontecimentos. São esses eventos danados, desembestados que embaraçam os nossos sonhos, o nosso encantamento. Como contê-los, como minorá-los, como substituí-los por uma vida mais digna e plena é parte do desafio de todos os que, equivocadamente, deploram as más notícias como se as mesmas correspondessem à fonte primeira dos desencantos ou como se fossem meras implicâncias jornalísticas.
O ano que temos diante de nós é 2009 e nele desempenharemos papéis. Poderemos fazer um tempo melhor e, quem sabe, possamos construir temporadas de aproximação e, até, de encontros entre a vida vivida e aquela sonhada, desejada conforme a expressão de nossos votos. Aí, certamente, as notícias serão mais faceiras ao revelarem as implicações do tempo em construção.
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