Monumento à religiosidade e à fé. Exemplo insuperável para todos aqueles que creem.
Recentemente tive o privilégio de almoçar num restaurante natural, Rua Sargento Astrolábio. Quem foi o sargento? Não sei. Alarido dentro e na porta do restaurante. Pessoas pedindo bênçãos, ouvindo palavras de conforto. Nas minhas referências na vida religiosa Gaspar Sadoc é a natividade.
A seu respeito contam histórias e estórias. O Monsenhor era pároco da Igreja São Judas Tadeu, construída graças à sua obstinação e coragem. Muitos anos ali permaneceu. Por alguma razão, ajudou a eleger o Deputado Estadual, Cristovão Ferreira, pai. Boa gente, alma caridosa, muito piedoso. Os mais fracos e humildes sabiam onde bater e pedir. Proprietário da Empresa de Transportes Ypiranga, farto nas doações, poderosos de plantão da época ficaram “p” da vida.
Resolveram transferir o intimorato Sadoc para a Igreja da Vitória. Dom Eugênio, administrador apostólico, atendendo aos apelos, autoritários consumou a transferência. Imaginem, Padre, negro vindo de um templo num bairro popular, para a aristocrática Vitória, reduto de brancos, arianos, habitantes desse quadrilátero de muros baixos. A cidade da Bahia ainda ostenta a conduta e quanto a isso mudou pouco.
Diz a lenda, Sadoc talvez nem goste do causo. O amigo saudoso Walter Salles contava. Muita graça e humor.
Convidado, o maior orador sacro vivo do Brasil, foi ao púlpito no Te Deum na Catedral, em face ao Sesquicentenário. Todas as autoridades nomeadas, poucas eleitas presentes, incluindo o autor do pedido a Dom Eugênio, responsável por modificar o local de trabalho do Sacerdote, protetor de Cristovão. Vai Sadoc, no núcleo da sua homília os fiéis empolgados! Diz o reverendíssimo e olhando firmemente para o autor da transferência. Não Dom Eugênio, o Prefeito de então: “Perguntaram, meus irmãos, a um antigo Rei de Roma qual a pior espécie de animal, ao que, compungidamente, meus irmãos, o monarca respondeu: “Depende. Se doméstico, o bajulador. Se selvagem, meus irmãos, o tirano”. A ortoridade sob o púlpito quase tem uma síncope e perguntava aos assessores: “Quem convidou? Quem convidou este preto? Vocês vão pagar dobrado”. Sadoc retira-se vitorioso. Nas pernas as polainas balançavam. Vai à sacristia, onde é delirantemente acolhido. Botou pra esbuguelar...
Alguns me acham ateu, agnóstico. Todos os dias rogo o privilégio da fé total. Não cheguei lá, ainda. Creio no PAI e nos meus protetores. Sem intermediários. Ligação direta. Eu e Eles, Eles e Eu. A caridade, estou convencido, é o CAMINHO, A VERDADE E A VIDA.
Monsenhor Sadoc não é jesuíta. Secular, samaritano convicto, humilde, pede desculpas pela beleza das suas orações. Considera-se, talvez, simples amanuense. Confuso, sim, é o comportamento dos fariseus. Estúpidos e omissos. Os jesuítas me ensinaram os caminhos do perdão, além das declinações. Identifico, ao menos os casos latinos.
Precariamente vou dos nominativos aos acusativos e ablativos. São seis casos. Sem pernosticismos: Conhecer latim não é ser latinista nem filólogo. Eu mesmo, erro na pontuação, quiçá concordâncias. O importante é transferir, comunicando, clareza nos sentimentos.
O latim é requintado, mas os jesuítas doutrinaram, não é um “bicho-papão”, claro, nem tão fácil como aprender a nadar na piscina ou andar de bicicleta. A propósito, ainda sabemos rezar?!!!
“Guardai-vos dos falsos profetas (os conheço bem). Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos as conhecerei”. Sermão da Montanha (Mateus, 7:15-20)
França Teixeira
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