domingo, 4 de setembro de 2011

Jolivaldo Freitas: A chantagem emocional das clínicas veterinárias.

Brasil tem uma população de 35 milhões de cães e 18 milhões de gatos, numa estimativa por baixo, feita pelas organizações que cuidam dos animais, pois não se sabe direito quantos vagam pelas cidades sem controle algum. O segmento dos pets tem uma média de faturamento anual de mais de R$ 10 bilhões.

Para este ano de 2011, deve-se alcançar o número mirífico de R$ 12 bilhões. É um mercado crescente, coisa de quase cinco por cento ao ano. Isso somente em se tratando da venda de produtos.

O faturamento se torna bem maior quando se inclui o atendimento médico, nas clínicas veterinárias. As clínicas andam cheias a qualquer hora. Isso porque as pessoas estão cada vez mais propensas a ter um animal na família – seja pela falta de filho, pelos filhos ausentes ou por qualquer tipo de carência. Não sou psicólogo e não vou entrar num tratado antropológico. Sou mais um cão sem dono.

O fato é que a humanização dos animais, coisa que vemos há tempo, desde os tempos de Walt Disney, tem criado uma empatia cada vez maior entre cachorros, gatos e gente. “Cachorro também é gente”, já dizia, antecipando os tempos, o ex-ministro Magri.

Meu cachorro com certeza é gente. Aliás, melhor que muita gente e certos parentes. Eu sou daqueles que mordem mesmo, para tirar a nesga. Mas minhas vacinas estão em dia. Se preocupe não. E olha que não procurei cachorro. Ele caiu no colo e adotei com toda boa vontade e esta ação se transformou em amor pelo bicho. Olha que nunca gostei de bicho e só gostei de pouca gente.

Foi a partir da doença do meu canino que passei a conviver com a cara de pau de médicos veterinários e a sanha de algumas clínicas veterinárias. Eles praticam uma verdadeira chantagem. Se aproveitam claramente – e por falta de uma regulamentação (vou ligar para meu deputado para cobrar uma atitude) – dos proprietários dos animais e cobram os olhos da cara apenas para dar uma olhadinha no bichinho.

Sabem que quem tem cão e gato se apega. Sabem que nenhum dono vai deixar seu companheiro morrer e irão vender a alma para garantir a saúde do miau ou do auau.

Um exemplo: um amigo meu corria com seu vira-lata e tropeçou no animal. Os dois se machucaram. Na clínica ortopédica, meu amigo pagou R$ 100 pela consulta e mais R$ 120 pela internação de 24 horas para observação e as injeções ficaram por mais R$ 40. Já a consulta do cachorro ficou em R$ 120 e a internação em R$ 220 por 24 horas. A injeção que deram para a luxação na pata do cachorro ficou em R$ 70.

O pior é que uma clínica, lá pelas bandas do Rio Vermelho, entregou o animal com ferimento no focinho, todo sujo de sangue, com o pelo cheio de sujeira da jaula e cheirando a urina. Claro que cobrou, mas não cuidou.

Os donos das clínicas sabem se aproveitar da situação e ou se paga o preço ou se tem o preço da morte do animal. Fica cada vez mais claro que o homem é um lobo. E a clínica o covil. E as clínicas são caça-níqueis. Os bichos? Estes, sim, são gente boa.

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