São Paulo neoliberal afunda no crime
DAVIS SENA FILHO 30 de Outubro de 2012 às 18:42
Policiais militares, à paisana e de folga, são mortos em emboscadas, muitos deles desarmados. Episódios vergonhosos, que deixam o governo tucano do senhor Geraldo Alckmin em uma situação de calamidade pública
O banho é de sangue. É São Paulo. Capital e Estado. São 1.716 homicídios de janeiro a setembro, sendo que 86 das pessoas mortas são policiais. No último fim de semana (27/28), 42 cidadãos foram assassinados na grande São Paulo. Na madrugada de hoje (30), dez pessoas foram baleadas, sete morreram e três ficaram feridas. Policiais militares, à paisana e de folga, são mortos em emboscadas, muitos deles desarmados. Episódios vergonhosos, que deixam o governo tucano do senhor Geraldo Alckmin em uma situação de calamidade pública, pois que a violência quando atinge patamares dessa envergadura se torna uma epidemia, a pior das doenças e das enfermidades, que dobram os joelhos da sociedade paulista e paulistana, vítima de um governo tucano de mentalidade neoliberal, em que o ente humano não é a prioridade, mas, sim, prioritários são os interesses do mercado de capitais e das classes sociais dominantes.
É o jeito de governar dos neoliberais, que transformaram São Paulo em "seu" reduto para exercerem e efetivarem o típico modus operandi tucano de governar, totalmente divorciado dos interesses e desejos da população, que luta para ter acesso a uma vida de melhor qualidade. São os tucanos a continuar sua política de "enxugamento" do estado, do controle exacerbado e distorcido do orçamento (consideram investimentos como gastos), a diminuir as ações públicas de cunho social, a privatizar o patrimônio público e a terceirizar serviços que são da competência do estado. É a falta proposital de investimento em educação, saúde e segurança pública, cujos profissionais de cada área estão estupefatos, de queixo caído por saberem, no fundo, que o povo paulista está abandonado, e há muito tempo.
São os políticos e administradores tucanos, que, em âmbito nacional, venderam o Brasil e o afundaram como ocorreu, na Bacia de Campos, com a maior plataforma do mundo de prospecção de petróleo — a P-36 —, que, simbolicamente, iguala tal incompetência e desleixo com a coisa pública ao apagão energético de oito meses consecutivos, bem como à ida do Brasil ao FMI a pedir esmolas de joelhos e com o pires na mão, porque o ex-presidente FHC — o Neoliberal — quebrou o País três vezes e por isto teve de se submeter aos ditames da pirataria internacional para pagar os juros dos empréstimos, sem, no entanto, investir no povo brasileiro, que ficou à deriva, porque parte significativa da população brasileira ficou desempregada, sem acesso a empréstimos, à educação técnica e universitária, bem como não teve facilidade para consumir, por não ter poder de compra naquele período, além de sofrer com os juros escorchantes cobrados àqueles que, porventura, ousassem pedir empréstimo para comprar uma casa ou reformá-la ou construí-la. Simplesmente, o povo brasileiro não tinha acesso ao crédito fácil, por intermédio de bancos de fomento da grandeza da Caixa Econômica, do Banco do Brasil ou do BNDES, banco estatal que atualmente empresta mais dinheiro que o Banco Mundial — o Bird.
Era a época do neoliberalismo. A época do fracasso retumbante para as sociedades em termos globais. O capitalismo selvagem, desregulamentado, falsamente competitivo e efetivado pelo Consenso de Washington, em 1989, para favorecer o neocolonialismo financeiro, pois que o mundo neoliberal e globalizado, por intermédio da informática e de outras ferramentas midiáticas, preencheu o espaço do colonialismo de ocupação de territórios por parte de tropas armadas regulares pertencentes aos países considerados desenvolvidos. No Brasil, o PSDB e o DEM, que é o pior partido do mundo e filhote quase extinto da UDN lacerdista e da Arena da ditadura militar, implementaram, juntamente com os banqueiros e as bolsas, o neoliberalismo e para isso resolveram diminuir o tamanho do estado, apesar de a população do País estar próxima dos 200 milhões de pessoas, sendo que grande parte dessas pessoas são pobres e por isto necessitam de um estado fortalecido e ativo, que financie o desenvolvimento social e propicie oportunidades de estudo e de emprego a todos os brasileiros.
Realmente, os neoliberais, os chicago boys do FHC se esmeraram e por isto e por causa disto saíram do poder com índices negativos de popularidade, além de o Brasil ficar praticamente sem reservas internacionais e sem moral perante os governantes dos países ricos e os representantes dos banqueiros encastelados no FMI, no Bird e na OMC. Era o Brasil governado por uma elite de mentalidade colonizada, com um imenso e imponderável complexo de vira-lata, que nunca percebeu e até hoje não percebe que o Brasil é um País poderoso, com um território gigantesco, onde vive um povo que compõe uma Nação multirracial, multicultural e extremamente talentosa, no que concerne a trabalhar e estudar em qualquer área ou setor de atividade humana, como tem comprovado no decorrer desta década cujos governos trabalhistas efetivaram programas e projetos os quais valorizam a sociedade brasileira, por intermédio de programas sociais da envergadura e da importância do Enem, das cotas, do ProUni, do Bolsa Família, das Upas, do Saúde da Família, do Minha Casa, Minha Vida, do Luz para Todos e de obras de infraestrutura, a exemplo da transposição do Rio São Francisco, da construção de hidrelétricas, como a de Belo Monte, da melhoria, ampliação e construção de portos, aeroportos e rodovias, bem como a construção de refinarias, que tem o propósito de atender, em futuro próximo ou não muito longe, às demandas do pré sal, sem esquecer de lembrar sobre o apoio ao agronegócio e à agricultura familiar e da valorização do mercado interno, responsável maior pelo Brasil praticamente não sentir a crise internacional dos países ricos, que se envenenaram com seu próprio veneno — o neoliberalismo.
Tudo isto o que relato foi o que os tucanos e os udenistas do DEM quando estiveram a ocupar o Palácio do Planalto não fizeram e continuam a não fazer como acontece em São Paulo, espécie de bastião do violento e antissocial neoliberalismo no Brasil. Minha intenção é mostrar e dizer que a violência assassina de São Paulo é o reflexo da forma que os tucanos governam. O neoliberalismo foi derrotado, porque era um gigante com pés de barro e alicerçado em papéis podres do setor financeiro e imobiliário. Quando governantes não investem em seu país, estado ou cidade é sinal de que não acreditam ou desprezam seu próprio povo. Evidentemente, mais cedo ou mais tarde, a violência vem à tona. É o que acontece em São Paulo há duas décadas.
O patrimônio do estado bandeirante foi alienado e é visível nas ruas das cidades paulistas a falta de investimento e a ausência do poder público junto à população, principalmente a mais carente. José Serra, Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab e principalmente o FHC — o Neoliberal — por ter sido presidente da República são os responsáveis diretos pela decadência econômica de São Paulo, que, inclusive, teve diminuída sua participação no PIB nacional. Diminuiu porque, entre outros fatores, os governos de Lula e de Dilma combateram as desigualdades regionais e investiram, de forma republicana, em todas as regiões, o que favoreceu também a diminuição do trânsito migratório no País, responsável pela explosão demográfica no Sudeste, que, entre outras questões sociais, ocasionou o número crescente de favelas e de condições de vida indignas para milhões de cidadãos brasileiros.
A violência em São Paulo não é endêmica, pois acontece em outros lugares do Brasil. Contudo, é uma epidemia, que tem cura, porque pode ser combatida, como aconteceu impressionantemente e verdadeiramente no Rio de Janeiro, estado cujos membros da segurança pública estão a ensinar e a dar cursos em todo o Brasil e até no exterior, por causa dos bons resultados no que é relativo ao combate à violência e a todos os tipos de crimes, por meio da inteligência, da prevenção e da repressão quando necessária, bem como da retomada de territórios dominados por traficantes. Tudo isto aconteceu recentemente e ainda acontece. Porém, os territórios ocupados por forças policiais e militares fluminenses recebem atenção social da Prefeitura e dos governos do Estado e Federal. Ocupação e o apoio de serviços sociais, de forma que a população até então oprimida percebe que as coisas mudaram e que a cidadania é algo inegociável e que é intrínseca ao estado democrático de direito. Esses fatores, definitivamente, não acontecem em São Paulo, porque governantes conservadores, de direita e tucanos tem outra visão de mundo, a visão de uma sociedade VIP, patrimonialista, de perfil classista e separatista, onde poucos privilegiados pelo poder econômico e financeiro determinam e definem o futuro da maioria a seu bel-prazer, porque controlam o estado, que serve apenas aos interesses dessa camada elitista.
O governo de São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo se recusam a implantar as Unidades de Polícia Pacificadora. O orgulho, a arrogância e a prepotência da direita paulista a leva a proceder dessa maneira, ou seja, sem raciocinar. Alckmin e seus secretários e assessores consideram a UPP um projeto do Governo Federal e do Rio de Janeiro, aliado de Brasília. Por isto, a negativa, a insensatez e a desfaçatez. "Dane-se!" — gritam os tucanos de ego separatista e porta-vozes dos herdeiros das fazendas de café e de gado. Só que as UPPs do Rio de Janeiro têm o papel fundamental de mostrar a quem quer violar as leis que o estado está presente e, o mais importante, de forma ostensiva. Obviamente que o caminho a trilhar é longo, mas é o começo de um Rio melhor, justo, seguro e democrático para todos os cidadãos. São Paulo perde quando tergiversa sobre a realidade da violência em suas cidades e as autoridades governamentais paulistas tentam manipular e escamotear a verdade dos fatos, as ocorrências dolorosas e que contêm um significado de que as coisas no estado e na cidade bandeirantes vão de mal a pior.
O candidato vitorioso do PT, o trabalhista Fernando Haddad, venceu as eleições para a Prefeitura de São Paulo. Derrotou o ministro do Planejamento do FHC que vendeu o Brasil na década de 1990, o tucano neoliberal José Serra. O povo de São Paulo sinalizou que não quer mais a forma, o jeito de administrar do PSDB, pois alienada em relação às necessidades do ser humano e divorciada das questões sociais. Não adianta a Globo amenizar a violência paulista em seus jornais, a publicar e veicular, sistematicamente, fatos ocorridos no Rio de Janeiro sempre após as matérias sobre a violência em São Paulo. Não cola. Ninguém é bobo. Também não adianta evitar falar no PCC. Ele existe. O chefe da maior facção criminosa do País, Marcos Camacho, o Marcola, está preso em Presidente Bernardes em regime disciplinar diferenciado, e, portanto, vivo. O que está a acontecer é semelhante a 2006 quando agentes públicos de segurança foram mortos às dezenas, bem como mais de 500 pessoas morreram em cerca de três meses. São Paulo precisa, a meu ver, de quatro coisas: investir pesadamente em políticas públicas sociais, abandonar para sempre o modelo neoliberal que fracassou em todo o planeta, reconhecer que a política de segurança tem de mudar, e ser, evidentemente, menos reaça, porque não estamos em 1932. É isso aí.
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