terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Assinaturas para combater a violência.Campanha da Fraternidade 2010




Familiares de vítimas da violência no Cariri têm realizado seguidas manifestações de protesto para sensibilizar as autoridades (Foto: Elizângela Santos)
Crato. A partir de hoje, será iniciada a distribuição de abaixo-assinados nas escolas do Cariri, solicitando a inclusão do tema “Violência Contra a Mulher e a Lei Maria da Penha” na Campanha da Fraternidade 2010. A iniciativa é da própria Maria da Penha, que esteve no Cariri participando do Fórum das Mulheres realizado no Crato e Milagres. Católica praticante, ela visitou as principais igrejas do Cariri. Na Serra do Horto, ao pé da estátua do Padre Cícero e no Museu, ela entregou o abaixo-assinado ao padre Venturelli.

O documento justifica que essa seria a forma de divulgar a valorização da mulher e o direito que lhe assiste a uma vida digna e livre de violência, já que os temas aprovados para a Campanha da Fraternidade anteriores sempre retrataram a preocupação com as minorias e com a justiça social.

O abaixo-assinado justifica que “a violência contra a mulher é um problema de saúde pública que assola sociedade. Apesar dos avanços tecnológicos, nossa sociedade não avançou no combate às desigualdades na busca pela justiça, igualdade e amor, permitindo, com isso, que mais e mais mulheres sejam mortas vítimas da violência doméstica”.

O documento também assinala que não é necessário citar estatísticas que demonstrem o quanto este mal é poderoso e está arraigado na sociedade, se justificando e legitimando a cada dia diante das bases de um sistema social machista e patriarcal. “Qualquer um de nós conhece ou pode lembrar de um caso de violência doméstica ocorrido com nossas mulheres independente de classe social, etnia ou credo, demonstrando, assim, que este é o fenômeno mais democrático que hoje encontramos em nosso meio e que atinge metade da população mundial”.

O manifesto adverte que se faz necessário despertar em homens e mulheres os ideais de luta e combate aos preconceitos, injustiças, violências e discriminações que oprimem e violentam a dignidade das mulheres. Recomenda que todos se unam, dêem as mãos em defesa de uma sociedade igualitária e sem medo. “Somente pelo amor, educação, respeito à vida humana, fraternidade e dignidade poderemos, enfim, vislumbrar novas perspectivas de mudanças para essa triste realidade”, destaca

Símbolo

A biofarmacêutica Maria da Penha Maia lutou durante 20 anos para ver seu agressor condenado. Ela virou símbolo contra a violência doméstica. Em 1983, o marido de Maria da Penha, o professor universitário Marco Antônio Herredia, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez, deu um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda, tentou eletrocutá-la. Na ocasião, ela tinha 38 anos e três filhas menores de idade.

A investigação começou em junho do mesmo ano, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro de 1984. Oito anos depois, Herredia foi condenado a oito anos de prisão, mas usou de recursos jurídicos para protelar o cumprimento da pena.

O caso chegou à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acatou, pela primeira vez, a denúncia de um crime de violência doméstica. Herredia foi preso em 28 de outubro de 2002 e cumpriu apenas dois anos de prisão.

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