quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Conspiração. Espichando o verão. Segurando as sandálias e o xixi.


Todo mundo tem conspirado contra o pobre do prefeito João Henrique. Sábado passado tudo conspirou, pela primeira vez, a favor dele e da Bahiatursa. O “Espicha Verão”, no Porto da Barra, teve lua cheia e mar calmo. Nem Alexandre Leão, que enjoa vendo fotos de navio ou Marilda Santa, que não sabe nadar, se queixaram das ondas. Até o som, desta vez não foi tão ruim assim e não comprometeu a apresentação de Carlinhos Cor das Águas ou Olívia e Francis Hime. Mas, no primeiro sábado foi brabo. Primeiro faltou gente.

Um marqueteiro (vixe!, palavra proibida na administração municipal) amigo meu, disse estar faltando campanha externa para atrair (e não apenas segurar) os turistas. A festa foi boa e os turistas que sabiam do negócio gostaram e ficaram mesmo até a madrugada. Mas, não foi fácil ficar acordado com Mariene de Castro cantando e falando parecendo uma mistura de Maria Bethânia, João do Vale, Beth Carvalho e Clara Nunes.

A vantagem é que você vai ver um show e assiste a quatro ao mesmo tempo. Ela deve incorporar estes entes queridos, vivos e mortos, mercê ser filha de mãe-de-santo. Depois ainda tem gente que não acredita em pomba-gira. Quando ela puxa o timbre de Clara Nunes, me benzo todo, chamo por Senhor do Bonfim e clamo por Oxalá; coisa de sincretismo baiano. Quando ela dá uma de Bethânia, me tranco todo. Não entra nem sai nada. Mas foi difícil segurar a barra da madrugada ouvindo os mementos de Vânia Abreu, irmã de Daniela Mercury. Começou a dar sono e logo se viu que não era apenas eu, pois os donos das lanchas que estavam nas proximidades do palco flutuante foram saindo de fininho, à francesa, como dizem os ingleses de forma pejorativa, em direção ao Iate Clube.

Então chega a vez de Danilo Caymmi, com todo aquele vozeirão, mas arrastando a letra e tome “Laiá/Laiá/Laiá/Laiá/Laiá - Vida de nego é difícil...”. Logo ele que odeia ser chamado de baiano. Quando o sono começou a bater, uma animação no grupo em que eu estava com meu amigo Daniel Menezes, um dos melhores produtores/escuta de TV da Bahia, e uma pessoa sarcástica na essência. Aproveitamos para falar mal dos jornalistas Alcebíades Azevedo (Tv Bahia) e de Jil Evans (ex-Tv Bahia).
Um amigo dele, portanto no conceito de baianidade, logo meu amigo de infância também, embora tenha conhecido ali, na hora, curou a bebedeira quando descobriu que sua sandália tinha sumido. Quem vai ao Porto da Barra, sabe que tem de levar uma outra havaiana de reserva ou ficar segurando o par. Ele foi desavisado e mobilizou quem estava ao redor para achar a sandália e eu achando que era muito, por causa de uma havaiana ou Dupé. Nada disso, meu irmão: a sandália - embora parecesse havaiana tirada a besta, era uma legítima Dolce Gabana. Tinha custado cem euros. A adrenalina do homem foi lá em cima. Por sorte o barraqueiro tinha guardado. Alguém perguntou o porquê da Bahiatursa não convidar Ivete, Olodum e Chiclete para animar a festa.

Outro respondeu que a idéia era entreter os turistas. Não era para chamar ladrão para assaltar o turista. Avaliação bem pragmática. A idéia de espichar o Verão foi excelente e um maldoso disse que não devia ser idéia de Márcio Meirelles, secretário de Cultura de Jacques Wagner, diretor de teatro que eu gosto, e como Caetano Veloso disse, um cara doce, mas está odiado até no Porto da Barra e caiu também na língua dos turistas. Como se não bastasse estar ele nas unhas de Aninha Franco e na pena de João Ubaldo. Olha... deixa a vida de Kelé!

As pessoas são tão cruéis que, embora estivesse indo tudo bem, dentro daquilo que foi programado, não deixaram de “criticar” o prefeito e o PT. A lua estava linda no céu, brilhando sobre a Ilha de Itaparica. Um engraçadinho disse que o pessoal do PT não sabe fazer festa, a não ser com cartão corporativo. Pois, se fossem competentes, tinham colocado a lua de frente para o palco e não atrás, que era para iluminar a cara do artista. Outro disse que o prefeito está tão numa onda de azar que, quando o espetáculo começou, a maré começou a encher e parecia que a balsa-palco ia virar.

O antipetista disse que deixaram de acertar direito com Iemanjá. E sem esperar resposta foi mijar no paredão onde fica a quadra de peteca, pois esqueceram de colocar sanitário público na areia, por acharem que todos iam fazer xixi dentro d´água. É isso! O próximo evento vai homenagear a Tropicália. Como dizia o ex-prefeito de São Francisco do Conde, Osmar Ramos, aquele que o Ministério Público...eita, deixa a vida de Kelê: “Sábado que vem tem mais”. PS: desta última vez a produção botou a lua de frente para o palco e deu cachê para Iemanjá.

Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista. e-mail: jfk6@uol.com.br

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