terça-feira, 22 de julho de 2008

SALVADOR, BAHIA, BRASIL. COMO VIVEMOS EM UMA UMA GUERRA CIVIL.


 
Salvador vive uma guerra civil



   "Salvador vive uma guerra civil. Nunca a situação chegou a tal ponto". A declaração, pasmem, é de uma delegada, acostumada a ver muita violência. No último fim de semana, duas chacinas vitimaram oito pessoas e deixaram dezenas de feridos. As vítimas são inocentes e não têm antecedentes criminais. As autoridades admitem que toda essa violência tem a ver com o tráfico de drogas e que a chacina do Engenho Velho da Federação teria sido mais uma demonstração de poder de "Perna", traficante que vivia com mil e uma mordomias na Lemos Brito e que foi transferido para uma prisão de segurança máxima no Paraná, de onde ainda estaria controlando seu bando na Bahia.
  A chacina ocorrida no Engenho Velho da Federação, no último domingo, teria sido comandada por Eduardo Venâncio dos Santos, o "Eduardinho", integrante da quadrilha outrora chefiada pelo traficante Genilson Lino da Silva, o Perna. Pelo menos é o que afirmou a polícia após colher depoimentos de vítimas e testemunhas da fuzilaria que matou três jovens e feriu onze pessoas, duas delas estão em estado grave no Hospital Geral do Estado. O envolvimento das vítimas com a criminalidade está descartada pela polícia. Nenhum deles tinha antecedentes criminais.
  Os bandidos chegaram ao local no táxi Pálio Weekend placa JNZ 8521, cujo motorista foi rendido em frente à Universidade Católica de Salvador, na avenida Cardeal da Silva, por volta de 18h30. Quatro homens entraram no veículo e um deles, que estaria sentado no banco do carona, ordenou ao taxista que fosse até o largo do Engenho Velho da Federação, onde ocorreu a chacina.
  Para chegar ao local do crime, o taxista entrou na Rua Apolinário Santana, pela Avenida Cardeal da Silva, e depois da matança foi orientado pelo bando a sair da cena por uma das ladeiras que dá acesso à Avenida Vasco da Gama.
  Em depoimento à polícia, o taxista contou que um veículo Corsa Sedan lhe acompanhou durante todo o trajeto, que teve fim próximo ao depósito da farmácia Santana, no bairro do Imbuí, em frente ao Condomínio Rio das Pedras. Lá, os quatro homens saíram do táxi e passaram para o outro veículo.
  Uma ligação recebida por um dos homens durante a fuga chamou a atenção da polícia. Segundo o taxista, a chacina estava sendo confirmada para o interlocutor com a seguinte frase: "Patrão, o serviço está feito. A galera do alemão foi fuzilada". Na gíria de traficantes, o termo "alemão" é sinônimo de "rivais" ou "polícia".
  A polícia ainda está colhendo provas, mas já trabalha com a hipótese da chacina ter sido uma retaliação ao assassinato de Lelcimar Santos de Oliveira, 21 anos, ocorrido no último sábado, na rua das Palmeiras, na Federação. O local funcionava como boca de fumo de "Eduardinho" antes dele cumprir pena na Penitenciária Lemos de Brito, em 2001, onde conheceu o traficante Perna. Na rua das Palmeiras, moradores penduraram uma faixa repudiando a morte de Lelcimar, que segundo eles, seria uma pessoa honesta e trabalhadora. De acordo com a polícia, Eduardinho recebeu indulto de Natal e não voltou mais para a PLB. Para não ser preso novamente, ele parou de traficar na Rua das Palmeiras e passou a executar pessoas a mando de Perna, que o considerava seu melhor "matador". Seguindo esta linha de investigação, a titular da 7ª Delegacia de Polícia, Maria Dail de Sá Barreto, admite a possibilidade da chacina estar relacionada com as outras ocorridas no Bairro da Paz, no Alto das Pombas e em Mussurunga, entre o mês de junho e julho. Entretanto, atribui a retaliação dos bandidos a uma demonstração de poder na disputa por pontos de drogas.


  
"Salvador vive uma guerra civil"

  As chacinas que ocorreram na cidade causaram espanto até mesmo em quem trabalha no combate à violência e diariamente lida com o crime. A titular da 7ª Delegacia de Polícia, Maria Dail de Sá Barreto, acredita que a população de Salvador está vivendo em uma guerra civil. Para ela, as últimas chacinas ocorridas na cidade demonstram a situação preocupante da violência e o perigo constante em que as pessoas estão submetidas. "Estão morrendo pessoas que não tem nada a ver com a criminalidade. Nunca a situação ficou assim. Está um negócio sério", afirmou.
  Desde junho até ontem, sete chacinas ocorreram em Salvador, ceifando a vida de 27 pessoas. Na maioria dos casos, as vítimas estavam em bares ou próximos de suas residências em bate-papo com amigos e vizinhos. Atitude não recomendada pela delegada. "Digo sempre às pessoas que vêm à delegacia para evitar ficar em barzinhos. Eles ficam muito expostos", acrescentou.



Por Hieros Vasconcelos
Tribuna da Bahia


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