segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Em Salvador, deu João.


João comunica vitória ao presidente Lula

O prefeito reeleito João Henrique (PMDB), após as confirmações das urnas, teve como primeiro ato político, em telefonema ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja imagem, o PT baiano durante toda campanha tentou monopolizar –, a reafirmação da parceria da prefeitura de Salvador com o governo federal. Lula, além de parabenizá-lo, segundo ele, teria reforçado o compromisso de continuar ajudando a cidade. “Amanhã, inclusive, estaremos juntos em reunião da IX Cimeira Brasil-Portugal aqui na capital baiana”, comemorou.
Entretanto, o mesmo sentimento não foi destacado quanto à manutenção da relação, diga-se de passagem, bastante estremecida durante o embate, com o governo estadual, leia-se o governador Jaques Wagner. O peemede-bista evitou falar sobre o assunto durante toda coletiva de imprensa e chegou a “chutar a bola” para o seu grande colaborador nesta disputa, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. “As relações com os governos estadual e federal têm sido tratadas mais com o ministro Geddel”, esquivou-se.
Questionado ainda se haveria possibilidade de o PT fazer parte do seu novo mandato, o prefeito de forma enfática respondeu que essa será uma gestão muito bem administrada, onde a meta é transformá-la numa chefia de excelência, a começar pela melhoria da arrecadação da cidade. “E posso assegurar que no PMDB pude encontrar quadros técnicos de excelência”.
Quanto ao apoio recebido pelo DEM e sobre a possibilidade de recompensá-lo com alguma secretaria, o prefeito destacou que “a adesão, que o adversário tentou levar para o seu lado, mas não conseguiu, por ter sido fechada conosco em cima de programas e propostas, sem dúvida, foi de extrema importância. Ou seja, um compromisso programático, onde a troca de cargos ficou de fora, como o próprio deputado federal ACM Neto fez questão de reiterar”, disse, aproveitando o gancho para ressaltar que uma possível reforma no seu secretariado não está em seus planos neste momento. “Depois de uma campanha intensa como esta, agora é a hora de pensar em um bom descanso e refletir a melhor maneira de melhorar ainda mais Salvador”, afirmou.
O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), que comemorou lado a lado a vitória com o seu companheiro de partido, o prefeito reeleito João Henrique, além de agradecer ao povo de Salvador, fez questão de ressaltar que da parte deles não existe possibilidade alguma de rompimento com o PT, derrotado nas urnas. Quanto à probabilidade de se candidatar a governador, como muito vem sendo especulado no meio político, em especial com a conquista da capital baiana, disse que não existe nenhum projeto pronto neste sentido. No entanto, seria hipocrisia da parte dele negar este desejo.
“Volto a reiterar que da nossa parte existe um entendimento muito claro. Os problemas ocorridos na eleição são da eleição. Portanto, não há motivo algum para rompimento ou afastamento, salvo se esse for o desejo do PT. Caso contrário, mais dia menos dia, com sobriedade, sentaremos à mesa”, afirmou, ressaltando que, “entretanto, é preciso deixar claro que fizemos uma aliança com o governo do Estado e não uma fusão, o que não justifica perdermos a nossa identidade, muita menos sermos subservientes”.
Com vistas à 2010 foi ainda mais enfático. “Não tenho nenhum projeto acabado, mas se dizer que não desejo estaria sendo hipócrita. Sou um homem público, amo meu Estado e acho que tenho muito a contribuir. Se não for como governador, tentarei outro meio”.
Sobre a aliança com o Democratas afirmou que o apoio no âmbito municipal se deu sem nenhum tipo de compromisso. “Ou seja, não fizemos nenhuma aliança com o DEM, mas é fato que com a morte do senador Antonio Carlos Magalhães, o diálogo que antes era fechado, foi aberto, de modo que todo mundo pode conversar com todo mundo. Diante disso, posso assegurar que a nossa aliança é com o arco do presidente Lula, mas isso não impede que, com responsabilidade, consigamos criar uma ponte de conversa, até mesmo entre oposição e situação”.
Em relação às especulações de que ele é o homem que cuida da política de Salvador, enquanto o prefeito apenas da parte administrativa, disparou: “Isto não existe. Como homem de governo, na posição de ministro, me coloco sim, como empregado do prefeito e do povo de Salvador.
Mas, já tenho afazeres demais para me envolver na administração, seja de qualquer município”, afirmou, ressaltando que continuará em Brasília sempre disposto a ajudar, não apenas a Grande Salvador, mas a Bahia de um modo geral.
“Afinal, como um bom baiano não posso fechar os olhos para os problemas do meu Estado”, concluiu. (Por Fernanda Chagas)


Governador vai reavaliar aliança com o PMDB



O governador Jaques Wagner disse que vai reavaliar a aliança do seu governo com o PMDB. A declaração foi dada ontem à noite no Palácio de Ondina durante a coletiva que o petista concedeu à imprensa logo após a confirmação do resultado da eleição do segundo turno de Salvador, quando o seu candidato Walter Pinheiro (PT) saiu derrotado da disputa com o prefeito João Henrique (PMDB). “Quero parabenizar o prefeito João Henrique pela vitória, que conseguiu fazer com que o povo achasse que ele era o melhor”, disse o governador.
Wagner apareceu sorridente, procurando demonstrar tranqüilidade para a imprensa. “Ganhar ou perder faz parte do jogo. Por isso, vou continuar como antes. Eu fiz uma opção por Pinheiro, mas o povo escolheu João Henrique. Não tenho dificuldades de fazer uma opção, até porque o prefeito é de um partido da minha base”, declarou Wagner, procurando amenizar o peso da derrota. “Não acho que fui derrotado. Tenho sugerido que a gente adote a complexidade que está na cabeça do povo. Em 1989, o Dr. Ulisses Guimarães tinha um partido grande nas mãos, mas foi um candidato que não conseguiu passar para o segundo turno. Na minha eleição, em Feira de Santana o prefeito José Ronaldo era bem avaliado, mas nós vencemos lá. Então, não é desta forma cartesiana que se avalia. O recado do povo passa por um conjunto de componentes”, explicou Wagner.
Sobre o futuro da aliança com o PMDB o governador disse que não guarda rancor, mas vai reavaliar. “Não faço política com o fígado. No segundo turno, o PMDB veio para o ataque e nós tivemos que responder. Acho que os ataques indevidos criaram dificuldades no relacionamento".O governador foi quase irônico ao fazer os cálculos para mostrar que foram os votos de ACM Neto que fizeram a diferença para João. Segundo ele, a soma dos 31% de João Henrique com os 27% de Neto no primeiro turno resulta exatamente nos 58% computados no segundo turno.
O governador deixou claro que as suas insatisfações vinham principalmente do prefeito João Henrique, quando demonstrou incômodo com alguns temas trazidos por ele para os debates, mas as queixas têm a ver também com o ministro Geddel Vieira Lima. “Eu não admito as críticas que foram feitas ao meu partido e ao meu governo. Eu não aceito isso. Eu estou neste partido há muitos anos e vou continuar nele, contribuindo pela construção da democracia”, declarou o petista.
O governador disse que não mandou nenhum recado para o ministro Geddel Vieira Lima durante a campanha. “Eu não mandei nenhum recado para o Geddel. A aproximação do DEM com o PMDB pertence a eles, portanto são eles que têm que responder sobre isso”, disse Wagner, respondendo sobre o apoio do Democratas à candidatura de João Henrique neste segundo turno. O petista disse ainda que “nesta eleição, ficou claro que ninguém elege um poste”. Wagner também descartou associar o resultado de agora com a eleição de 2010. “A eleição de 2010 é outra conjuntura, depende da economia”, projetou.
Ainda sobre uma possível renovação da aliança com o PMDB proposta pela deputada Lídice de Mata, vice na chapa de Walter Pinheiro, Wagner respondeu: “Costumo ouvir todos os aliados. É evidente que o PMDB não respeitou a aliança com o governo e alguns ataques criaram dificuldades. Eu respondi apenas os ataques que recebi. Faço aliança em função de um projeto político. Vou fazer empenho para manter a aliança nacional do PMDB com o PT”, concluiu o governador, sem entrar em detalhe sobre a aliança local.(Por Evandro Matos)


Pinheiro diz que sua campanha foi vitoriosa



O candidato a prefeito Walter Pinheiro, e sua vice, Lìdice da Mata, da coligação “Salvador-Bahia-Brasil” (PT,PSB, PCdoB, PV), foram recebidos pela militância com aplausos e palavras de ordem de incentivo, na sede do comitê, às 20 horas. Pinheiro concedeu entrevista coletiva à imprensa, para avaliar o resultado do segundo turno das eleições, realizado ontem, em que ele obteve mais de 41% dos votos. Os candidatos chegaram acompanhados do ex-ministro Waldir Pires, secretários estaduais, dirigentes dos partidos e deputados.
Inicialmente Pinheiro disse que”primeiro, quero agradecer a Deus pela maratona, em que ele nos apoiou; aos partidos que estiveram conosco desde o primeiro turno, o PT, o PSB, o PV, o PCdoB; aos que chegaram conosco no segundo turno, PSDB, PPS, PRB, aos companheiros do PR; agradecer muito à companheira Lídice da Mata, por essa jornada; à minha família, à minha companheira Ana, aos meus filhos, que também estão aqui; e agradecer especialmente ao povo de Salvador, pelo carinho e pela forma como interagimos”.
O candidato peemede-bista, apesar da derrota, considerou que “o povo de Salvador teve uma alegria enorme e pôde contribuir muito em nossa caminhada. A contribuição trazendo propostas, apresentando diversas soluções. Nossa frente apresentou soluções para os problemas de Salvador e quero, mais uma vez, dizer que é importante para a nossa cidade o que fizemos. Nossa campanha é vitoriosa. Salvador vai precisar de muito boa sorte nesse próximo período. Como deputados federais, eu e Lídice vamos continuar contribuindo e há também o compromisso de todos esses partidos para continuarmos trabalhando pela nossa cidade. Vamos fazer muito mais e melhor ainda”.
Pinheiro também agradeceu a participação do governador Jaques Wagner ao afirmar que ele, o governador,”foi muito importante na campanha e um eficiente colaborador. Gostaria de frisar isso e agradecer ao nosso governador essa participação”.
Sobre os próximos passos, Pinheiro acrescentou que “o povo fez sua escolha e cabe a nós preparar a nossa caminhada para esse próximo período".


José Dirceu comenta resultado de Salvador



Em conversa ontem à noite com importantes dirigentes do PT, o ex-todo-poderoso ministro José Dirceu, da Casa Civil, comentou o novo cenário da política baiana, tão logo soube da reeleição de João Henrique. “O PT conquistou importantes cidades e aumentou o número de prefeitos. Fortaleceu sua aliança com os partidos de esquerda (PCdoB e PSB), porém estremeceu sua importante aliança com o PMDB. O saldo é positivo, mas não podemos perder de vista nossa estratégia principal por conta das disputas locais”, finalizou o ex-ministro que, no início do ano, foi criticado pelo governador Wagner por escrever sobre o rompimento do PT com a administração peemedebista de João Henrique. Naquela ocasião, Dirceu lamentou a saída dos peemedebistas do Palácio Thomé de Souza e defendeu a manutenção da aliança, afirmando ser necessário continuar com a parceria com o PMDB. Deixou a entender também que João Henrique era a melhor opção eleitoral para a capital. As declarações do ex-chefe da Casa
Militar logo chegaram ao Palácio de Ondina, de onde o governador, cujas relações políticas com o companheiro de partido nunca foram das melhores, aconselhou Dirceu a cuidar de outros assuntos, deixando a política baiana sob seus cuidados. Também ontem à noite o episódio foi lembrado pela classe política baiana, que estranhou que,mesmo após confirmada a vitória de João, ainda não o tinha cumprimentado como determina a praxe democrática. Aliás, até aquele momento – mais de 21 horas – nem mesmo o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) havia recebido telefone de Wagner. Da mesma forma agiu o candidato derrotado Walter Pinheiro. Os bombeiros de plantão amenizaram a situação afirmando que Wagner e Pinheiro estavam cumprindo compromissos com órgãos de comunicação, aos quais falaram sobre o desempenho do PT neste segundo turno. Wagner,por exemplo, falou à TV Bandeirantes e à Band News,embora Pinheiro tenha se limitado a emitir uma nota considerando-se vitorioso e destacando o papel que exerceu durante todo o período eleitoral, sobretudo no segundo turno.


João vota na companhia de Neto certo da vitória



O clima já era de otimismo desde o início da manhã. O prefeito reeleito João Henrique Carneiro (PMDB) chegou à sua zona eleitoral, no Colégio Sartre COC, Itaigara, pouco antes das 10 horas e acompanhado por uma comitiva ainda maior do que a que o acompanhou na votação do primeiro turno.
A novidade foi que o deputado federal ACM Neto, que teve quase 27% dos votos no primeiro turno e declarou apoio a João no segundo, também fazia parte da comitiva.
Além do democrata, o prefeito estava acompanhado do ministro Geddel Vieira Lima, do presidente do PMDB na Bahia, Lúcio Vieira Lima, do vice Edvaldo Brito, de secretários municipais e estaduais, deputados estaduais e federais, além de militantes do PMDB e partidos aliados.
Recebido com muita festa, João voltou a agradecer a confiança da população, voltando a dizer que agora é hora de continuar com o trabalho começado na primeira gestão. João também falou sobre a importância da aliança com o deputado federal ACM Neto. “
Sem dúvida o apoio dele foi de fundamental importância para o fortalecimento da campanha no segundo turno. Neto fez uma campanha de alto nível, fez críticas administrativas à minha gestão, o que é importante, e era o único que tinha autoridade para isso, já que sempre foi oposição. Mas, mesmo assim, foi extremamente ético e agiu sempre dentro do ponto de vista político, diferente dos que ficaram na minha gestão até o final e hoje estão contra mim. Se eu fosse ex-secretário de um governo eu jamais cuspiria no prato que comi. Precisamos ter gratidão no coração”, desabafou João Henrique.
Ao ser questionado sobre como ficaria a relação do PT e PMDB para as eleições 2010, o prefeito apenas comentou que era impossível prever o que vai acontecer daqui a dois anos. “
A política tem dessas coisas. As pessoas que há um ano estavam compactuando comigo, hoje estão contra mim, me traíram. Tem políticos traíras e políticos confiáveis, mas isso é condição da própria política”, disse.
O ministro Geddel Vieira Lima também falou da relação dos dois partidos e dele com o governador Jaques Wagner.(Por Carolina Parada)


Fonte: Tribuna da Bahia

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