terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Na Bahia, 74% dos municípios já notificaram pelo menos um caso de Aids até 2008.

Aids mata 111 por ano e chega ao interior


Na Bahia, 74% dos municípios já notificaram pelo menos um caso de Aids até 2008. O vírus, antes mais comum na capital, tem se alastrado também para o interior do estado. Salvador ainda detém a maioria dos casos, 52%, mas a incidência vem crescendo em Feira de Santana (5,1%), Vitória da Conquista (3,5%), Juazeiro (3,1%), Itabuna (2,6%), Porto Seguro (1,8%), Ilhéus (1,8%), Jequié (1,3%), Lauro de Freitas (1,4%) e Eunápolis (1,1%). Os dados são da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que assim como diversas entidades promoveram, ontem, atividades alusivas ao Dia Mundial de Combate a Aids.
A Sesab registrou ainda, entre os anos de 2007 e 2008, uma tendência crescente na faixa etária de 20 a 49 anos. Apesar de - entre 2003 a 2008 - 29% dos casos estarem na faixa de 20 a 29 anos, 37% de 30 a 39 anos e 23% de 40 a 49 anos. As estatísticas mostram também maior incidência entre as mulheres, nos segmentos mais pobres da sociedade e em pessoas com menor grau de escolaridade. Nos últimos 24 anos a Bahia registrou 9.319 casos de Aids e 2.671 mortes, ou seja, cerca de 111 óbitos por ano.
Os dados não dão conta dos gastos da saúde pública, com o atendimento dos infectados, mas, imagina-se que os números são altos, visto que os medicamentos anti-retrovirais são adquiridos pelo Ministério da Saúde/Programa Nacional de DST e Aids e o Programa Estadual tem contemplado, no Plano de Ações e Metas, recursos para aquisição de medicamentos para DST e infecções oportunistas.
No Hospital Couto Maia, de acordo com a médica infectologista Adielma Silva, por dia, uma média de 20 pacientes soropositivos são assistidos diariamente. A unidade tem 18 leitos disponibilizados exclusivamente para os doentes. “Mas, tudo vai depender da demanda, na maioria das vezes nós utilizados mais que 18, pois são muitos os infectados”, destaca.
A especialista reforça ainda que muitos destes pacientes vêm do interior do estado, onde tem havido um aumento do número de casos. “Em cidade pequena as pessoas têm, ainda, vergonha em ir até um centro especializado, para se tratar, então preferem vir até a capital, para que ninguém saiba da sua doença, com isso os hospitais acabam lotados destes pacientes”.
Em Salvador, além do Couto Maia, os Hospitais Roberto Santos e Hospital das Clínicas também possuem vagas direcionadas aos portadores de HIV, no entanto, qualquer unidade deve receber estes pacientes. “São poucos os casos, hoje em dia, de pessoas infectadas por sangue, a maioria acontece mesmo pelas vias sexuais, por conta da falta do uso do preservativo”, acrescentou a infectologista, reforçando a importância do uso preservativo nas relações sexuais.
Para lembrar o Dia Mundial de Luta contra a Aids, vários municípios realizaram eventos alusivos. Em Salvador a equipe do Programa Estadual, juntamente com a Coordenação Estadual e Tuberculose, programa municipal de DST/Aids, Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV/AIDS, núcleo da Bahia, Movimento de Mulheres portadoras de HIV/Aids, representantes do Fórum Baiano de ONGs AIDS, promoveram, no Farol da Barra, por volta de 12 horas, uma ação preventiva/educativa de conscientização voltada para homens acima de 50 anos, reforçando o foco da campanha deste ano.


Por Roberta Cerqueira
Tribuna da Bahia

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