quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

BRUNI CONTINUA SOFRENDO EM ITACARÉ. QUANDO A BAHIA TERÁ DE FATO UMA POLÍTICA PARA AS MULHERES? LEIS O BRASIL TEM. MAS QUEM SE INTERESSA POR ISTO?

"As mulheres não querem lutar, querem viver!

Querem que lutemos pelos direitos que temos direito em nossa Cosntituição.

Não é aceitável se falar Violência Doméstica !

Temos de acusar os que afligem a Mulher!

O homem, este é o agressor!"



Vera Mattos :QUAL A CONDIÇÃO DA MULHER HOJE EM DIA?

Ana Bruni: Desamparada. Abandonada. Discriminada. Humilhada.Desprotegida

O Brasil não respeita as Convenções assinadas pela erradicação da Violência contra a mulher. Toma medidas paliativas, mas não com o vigor e seriedade que temos direito.
A mídia não favorece as situações femininas, continuam nos discriminando em nossa posição social e impondo a massa a mulher objeto sexual ou a mulher sofrida.
Não nos respeitam como cidadãs,. Como podemos respeitar os poderes?
Não somos , nem queremos a tarja de vítimas. Somos Mulheres!
Não queremos proteção, exigimos nossos direitos!


Vera Mattos: COMO VC SE SENTE NA CONDIÇÃO DE PESSOA AMEAÇADA?

Indignada pelo silêncio da sociedade!
Esta é a ameaça maior! Que tudo pelo qual passamos continue por outros séculos!
Muitas já caíram, tropeçamos atualmente na poeira delas e para que? Para alcançarmos em 2007 estatísticas de mais mortes? Para acontecer o caso (mais atual) no Pará?
A violência pode ser física,porém a moral a psicológica é irreparável.
Assim nos matam em vida.
O que falta fazerem conosco?
O Brasil tem de por um fim na violência! A chamem de Praga, pois é exterminadora.


Vera Mattos: VOCÊ ACREDITA QUE OS ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS PRESTAM SERVIÇOS A CAUSA DA MULHER?

Ana Bruni: Falando exclusivamente sobre a Violência: Não nos interessa saber se conseguiram resolver assuntos de 100 ou 500 mulheres. As outras milhares em nosso país como ficam? Como sobrevivem ?
Existe por acaso um grupo que pode ter apoio e outro não?
Uma cidade ou capital em especial que as mulheres podem ter mais ajuda? E noutras pequenas comunidades como ficam as mulheres?
Estes órgãos têm o poder, tem recursos e muitos! Que não nos constrinjam a viver em guetos.Quando apelarmos a eles que venham em nosso socorro, que enviem pessoas que possam nos proteger e orientar.



Vera Mattos: O QUE É PIOR: A VIOLÊNCIA FAMILIAR OU O DESCASO DAS AUTORIDADES?

Ana Bruni: A violência familiar existe por causa do descaso das autoridades. Sabem os que nos atingem, que mesmo com a Lei 11.340 serão protegidos por seus advogados e serão agraciados com a morosidade da justiça ( entrega de intimações, etc. ).
Sabem aqueles que mesmo e quando condenados pela lei que voltarão a ameaçar suas vítimas, como de fato acontece.O rigor, a voz da autoridade não existe! È visível, audível o que estes com o poder transmitem para os agressores. Se sente a cumplicidade, é transmitido o sentimento de impunidade. As testemunhas são coagidas, intimidadas.
Quando em desespero manifestamos nosso medo em ser mortas dizem:

“Se a senhora morrer caçaremos os culpados!”

Quando não estamos de acordo com suas atitudes, nos ameaçam de prisão por desacato.

Prevenção não existe. As famosas 48horas para as medidas preventivas não existem!

O medo, o desamparo existe, é real.

Entre a opção de duas violências,familiar ou autoridades: Não existe o pior! Sua vida como mulher é destruída e ameaçada , seus princípios e bases éticas como cidadã despedaçados.
Nada sobra nestas opções.


Vera Mattos: ESTÁ SOB AMEAÇA DE MORTE?

Ana Bruni: Denúncias a integrantes da Polícia Militar , Civil, Órgãos de Segurança e Justiça nunca colheram bons resultados para os que se atreveram a fazê-las.
O resultado do Cala Boca Brasileiros está em nossa mídia . São juízes, advogados, policiais que agem protegidos por seus mantos e emblemas e mancham com sangue e muito sofrimento os juramentos daqueles honrados e íntegros que fazem parte destes órgãos de Segurança e da Justiça.
Existem valorosos e íntegros que combatem pela paz, não violência e pela justiça , mas não podem fazer milagres, não tem condição de irem contra o sistema a qual pertencem são pessoas que tem família, parcos ganhos, não são tão heróicos e destemidos que permaneçam do lado da vítima contra o corporativismo.

Ameaças de prisão, de internação em sanatórios sim. Apelido de um dos que denuncio : Matador

Caso algo me aconteça, será de origem particular ou policial?

Não me protegeram, me difamaram, usaram de abuso e prevaricação, fui agredida, se isto não são ameaças veladas não sei o que são?
Morte ? Já mataram a antiga mulher, esta não ressuscitará jamais. Seu sangue se transformou em lágrimas da mulher atual.


Como me disse uma desembargadora de outro estado;
Lemento Ana
Nem sei o que te dizer!


Vera Mattos:QUAL A SOLUÇÃO PARA SEU CASO? O QUE ESPERA QUE ACONTEÇA?

Em relação às autoridades da Policia Civil e Militar , investigação profunda e que se desculpem comigo oficialmente pelas atitudes , descaso e violência com a qual fui tratada .

Assim solicitei inicialmente em maio de 2006 a autoridade máxima da Policia Militar de
Ilhéus. Recebi desculpas verbais, quando solicitei em ofício se calaram, como calados estão até hoje.

Desejo que a sociedade retome a credibilidade nestes Órgãos. O povo não pode ter medo de denunciar. Policia e Justiça tem o dever de nos acolher, proteger e nos orientar.

Desejo que estes da policia e da justiça sintam que temos confiança na ética e integridade deles.
Que país é este onde o povo tem se defender de criminosos e dos que deveriam te proteger deles?


Vera Mattos: NESTA SEMANA DE ATIVISMO VOCÊ TEM ESPERANÇAS DE QUE ALGO POSSO ALTERAR A SITUAÇÃO EM QUE SE ENCONTRA ?

A situação na qual me encontro, é a mesma situação que se encontram centenas de mulheres.
Utopia pensar que meu caso teria alguma alteração, enquanto no Pará acontecem desmandos verbalizados na mídia, com aval de mulheres no poder e com a cumplicidade do silêncio da comunidade.
Tenho esperanças sim, que pelo menos estas mulheres que tem o poder e aquelas que comparecem a tantos Congressos, Fóruns e Seminários se unam não só pela voz, mas pelos seus atos em sociedade, que mostrem a cara, que se desculpem pelas suas omissões, que criem realmente um canal aberto, um histórico das muitas que aflitas buscam por socorro.

O 180 atualmente está melhor, no ano passado era um desastre. A mulher tem de ser reconhecida não como uma estatística , mas na sua individualidade.
Não somos todas Anas, ou Marias, existem Veras, Tanias, Lucias, Teresas, Lauras.
Temos nomes e cada qual sua história. Não temos tempo para conversa fiada, pra burocracia. Não temos recursos. Muita tem filhos, precisam sobreviver, se protegerem e aos seus.

Humanidade precisamos. Solidariedade necessitamos.

Uma que cai, que morre, que se suicida, que perde a razão,que vive por anos em depressão é mais uma ferida , uma chaga em nossa pretensa Constituição, aos Direitos Humanos.

Nenhuma pode cair, todas nós unidas devemos sustentá-la e acompanha-la em sua caminhada.!



Vera Mattos: QUE ORIENTAÇÃO VOCÊ PODE DAR A UMA MULHER PARA QUE SUA HISTORIA NÃO VENHA A SE REPETIR?

Não conte com ninguém , nem familiares, nem amigos, nem testemunhas. Conte com você e Deus.
Procure um advogado , vá junto com ele fazer, em caso de violência física, o exame no IML e depois sempre acompanhada vá a Delegacia, DEAM, prestar a ocorrência policial, o famoso BO.
Enquanto as Delegacias não mudarem sua postura em nossa relação, que as mulheres gravem seus depoimentos, como te atenderam, como te trataram. Façam cópias de toda documentação e provas entregues.
Sempre acompanhada de advogado procure o MP imediatamente, nem espere as famosas 48 horas. Em muito menos tempo poderão estar mortas, difamadas, acuadas. Caso não te atendam, entregue um ofício relatando a urgência e perigo da situação

Resumindo: Mulher se proteja de todas as maneiras. Não confie, não espere ajuda, use de todas as armas para que tenha segurança.

Muitas vezes fazem você de BO-BA com a sua BO

Trágico mas é a realidade.


ENTREVISTA CONCEDIDA EM 2007. SOMOS TESTEMUNHA DE TODO SOFRIMENTO DESTA MULHER, ESTIVEMOS JUNTAS EM REUNIOES DE MULHERES, ASSISTIMOS CAMPANHA LANÇADAS PELO GOVERNO FEDERAL, FIZEMOS CONTATOS DIRETOS COM O GOVERNO DA BAHIA. E O RESULTADO É A INDIFERENÇA DE TODOS OS PODERES. NÓS TEMOS QUE PROVIDENCIAR A NOSSA PRÓPRIA SEGURANÇA. VERGONHA PARA A BAHIA. LAMENTÁVEL PARA OS BRASILEIROS. VERA MATTOS

4 comentários:

  1. Traidores
    “Uma mulher pode sobreviver aos idiotas, oportunistas e até aos gananciosos. Mas não pode sobreviver à traição gerada dentro de seu lar. Um inimigo exterior não é tão perigoso porque é conhecido e carrega suas bandeiras abertamente. Mas o traidor que se move livremente dentro do seu espaço, seus melífluos sussurros são ouvidos entre todos e ecoam por toda cidade. E esse traidor não parece ser um traidor; ele fala com familiaridade a suas vítimas, usa sua face e suas roupas e apela aos sentimentos que se alojam no coração de todas as pessoas. Ele arruína as raízes da sociedade; ele trabalha em segredo e oculto na noite para demolir as fundações da família; ele infecta o corpo social a tal ponto que este sucumbe.” (Baseado em Discurso de Cícero, tribuno romano, 42 a.C.) Ana Maria C. Bruni Territorio Mulher

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  2. Enquanto as Delegacias não mudarem sua postura em nossa relação, que as mulheres gravem seus depoimentos, como te atenderam, como te trataram. Façam cópias de toda documentação e provas entregues. Sempre acompanhada de advogado procure o MP imediatamente, nem espere as famosas 48 horas. Em muito menos tempo poderão estar mortas, difamadas, acuadas. Caso não te atendam, entregue um ofício relatando a urgência e perigo da situação Resumindo: Mulher se proteja de todas as maneiras. Não confie, não espere ajuda, use de todas as armas para que tenha segurança. Muitas vezes fazem você de BO-BA com a sua BO Trágico mas é a realidade.

    O QUE QUER UMA MULHER?
    A VISITA DE ANA BRUNI A SALVADOR.

    A assinatura do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher contou em Salvador com a presença de centenas de mulheres. Em meio a muitas autoridades, o evento se destacou mesmo pela presença das mulheres vitimas. A Fundação Jaqueira convidou Ana Bruni, cuja luta tornou-se conhecida pela internet, e principalmente pela ampla divulgação do site território mulher que relata a busca desesperada de uma mulher que tem sede de justiça.
    Ana Bruni esteve com toda a equipe da Fundação Jaqueira.Na Seplan, foi apresentada a lideranças femininas e feministas de qualidade. Como eu já havia entrevista e publicado, tinha como certeza que ela deveria trazer os problemas que enfrenta em Itacaré, Bahia, para o grupo de trabalho de Salvador.
    E minha certeza tornou-se convicção: a companheira que chegava de Itacaré, Bahia, é uma mulher elegante, bonita,distinta. Carioca de classe média alta, excelente formação familiar e social. Poderia ter desistido de tudo e voltado para o Rio de Janeiro. Mas resolveu permanecer e ser um grito de alerta.
    Mas corre risco de morrer.
    Ela que criou a maior comunidade sobre a Lei Maria da Penha no orkut, não consegue um avanço em seu caso. Não consegue absolutamente nada, a não ser conselhos para sair da cidade em que vive, em que investiu dinheiro, cidade onde trabalha honestamente.
    Que País é este? Eu fico me perguntando todos os dias. Militantes e ativistas olham uma para as outras dentro de um contexto de perplexidade. Como já disse e escrevi antes, as ameaças que sofro tem como origem rede de pedófilos e de ex-maridos que se revoltam com os meus laudos e minhas orientações para que sejam denunciados. Então, eles buscam "laranjas" para brincarem comigo. Mas, eu sou a gata e eles os ratos.
    Eu procuro me unir a gente decente e digna.Sobre o meu trabalho, a Bahia e o Brasil sabem.Não digo isto com orgulho. Acho que sempre que temos que interferir por alguém, berrar, clamar por justiça, é porque o nosso Brasil sofre da estranha síndrome masculina da agressão à mulher.
    Mas quero voltar a Ana Bruni, a nossa Território Mulher. Ela ficou em Itacaré e tentou procurar as autoridades locais. A história toda está no site, com direito inclusive a repercussão nacional em colunas de grande prestígio sobre a prática de tortura na Bahia.
    Como Itacaré não lhe prestou solidariedade e nem lhe deu atenção através das autoridades, resolvi então convidá-la. Venha a Salvador. E ela chegou com um jeito meio desconfiado de que talvez também não fosse prestigiada aqui.
    No entanto, as principais lideranças femininas estiveram com ela. Representantes das secretarias estaduais, deputadas, a prefeita Moema Gramacho, a presidente da comissão de mulheres da OAB/BA, as representantes da FCCV - Fórum Comunitário de Combate ao Crime e a Violência.
    Se ficasse mais, Ana teria mais encontros e uma agenda maior a cumprir. Iríamos por exemplo ao Núcleo de Justiça e Direitos Humanos, ao encontro da companheira Mônica Bittencourt. Iríamos ao encontro da companheira Isabel Alice da Delegacia Especial de Atendimento a Mulher.
    Este recado público é para você, companheira Ana Bruni. Você esteve aqui e foi acompanhada pela direção da Fundação Jaqueira. De maluca você não tem nada. Que diga a nossa Tania Gomes, diretora de Saúde Mental da nossa Fundação.
    O sentimento que fica é que as cidades querem se libertar das mulheres independentes.Se isto incomoda nas capitais, o que se poderá dizer do interior do Estado, onde prevalece a força e o machismo.
    É uma pena que Itacaré não tenha capacidade para aproveitar o potencial desta mulher que chegou do Rio de Janeiro e apaixonou-se pelo local e lá montou uma pousada, deixando para trás uma vida cheia de glamour. Hoje procura ajudar centenas de mulheres na mesma situação ou em pior situação.
    Aos mandatários de Itacaré eu irei dar uma péssima notícia: Ana Bruni não está sozinha. Saiu do virtual para o real. Estamos organizando em Salvador uma comissão de mulheres para verificarmos o que acontece por aí.
    Quem tiver coragem responda: será que Ana Bruni, brasileira, carioca, é a única mulher agredida neste local paradisíaco? Por favor, respondam por que no mínimo é intrigante.
    Ana Bruni você chegou em Salvador e aí agora passa a representar o nosso movimento de mulheres. E nós vamos aprender o caminho para Itacaré. Quem sabe não encontraremos outra vítima.

    Vera Mattos
    Jornalista

    http://jornalistaveramattos.blogspot.com/2008/01/o-que-quer-uma-mulhera-visita-de-ana_18.html

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  3. O Brasil possui um conjunto de leis avançadíssimas: Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, Lei Maria da Penha ... e fechando o nosso ordenamento, a Carta Maior, com todo o perfil de um país Democrático de Direito. O problema que se instala diz respeito aos valores mesmo que essa nossa sociedade ainda insiste em conservar: o mundo falocêntrio, machista, tendo como consequência a perversa misoginia que afeta homens e mulheres.
    Ora, as leis são interpretadas pelas/os operadoras/es de Direito que estão com seus corpos imersos nessa postura/conduta social; são eles, os operadores, que irão discutir sobre as leis, os direitos. Em se tratando da Lei 11340/2006 (lei de Maria da Penha), temos tido exemplos e mais exemplos de conflitos de interpretação da tal documento jurídico... Daí surgem as discussões sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da já referida legislação.
    DEUS! Será que não percebem a submissão e a subserviência que a mulher sempre experimentou , dando-lhe essa existência passível de violência, seja no seu sentido físico, psicológico, patrimonial, moral ou sexual? Trata-se de irresponsabilidade e falta de comprometimento com a realidade social que, evidentemente é nossa exatamente por ser social. Julgar mal a mulher vítima de violência doméstica e familiar é fechar os olhos para a conduta machista do nosso tecido social. Não é fácil para as mulheres saírem das suas relações complicadas pois há um misto de sentimentos e valores interagindo nesse contexto: o amor romântico, o isolamento, a dependência econômica, os filhos.
    Precisamos de pessoas mais capacitadas para lidar com mulheres vítimas de violência: Surge a necessidade de estudar gênero, mulheres e masculinidades, pois esses são construídos, não são elementos dados de uma sociedade, são edificações sociais, então, por que não desconstruí-los e criarmos outros paradigmas?
    Não se pode estar diante de uma situação como esta nua/u, desprovida/o de munição intelectual para saber ler o que está se passando.
    Precisamos de pessoas comprometidas com a sociedade em busca de uma verdadeira transformação para conseguirmos efetivamente viver num Estado Democrático, fazendo valer a verdaddeira igualdade social.

    Ana Bruni, você conta com as guerreiras, militantes, mulheres, pois sabemos o que viveu e o que vive sem qualquer apoio legal. Conte conosco. Li a sua vida no território mulher e não vi nada além do que o sofrimento pelo qual passou e passa uma mulher.

    C.G.

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