O Fórum Social Mundial Temático da Bahia (FSMT-BA), o primeiro a ser realizado no Estado, de hoje até o próximo domingo, terá o seu ponto alto amanhã, com a realização do Diálogo e Controvérsias, um encontro entre atores sociais e chefes de Estado da América Latina e da África.
A participação de governantes progressistas de vários países em um FSMT é inédita. Na avaliação de Kjeld Jakobsen, fundador do Fórum Social Mundial (FSM), esse debate dará respostas à crise econômica mundial e construirá agendas comuns para o mundo pós-crise até o próximo fórum unificado, em janeiro de 2011, no Senegal.
“O Brasil está saindo melhor da crise econômica que outros países. Apesar disso, é um assunto que não podemos deixar de lado. Também vamos debater sobre a crise climática, a escassez da água potável e o esgotamento das energias não-renováveis. São questões comuns a todos”, afirma Jakobsen.
Na avaliação dele, o fato de aspectos culturais da Bahia estarem estritamente ligados à África contribuiu para que o Estado abrigasse um encontro com chefes de Estado da América Latina e da África.
“Vamos poder discutir mudanças não somente do ponto de vista social, mas também com foco nas políticas governamentais”, comemora.
Outra novidade é a realização de Crise e Oportunidades, um encontro organizado por Ignacy Sachs, Ladislau Dowbor e Carlos Lopes, que reúne intelectuais, líderes sociais e governantes de várias partes do mundo. “A conjuntura política e os embates de 2010 exigem das organizações da sociedade civil debates, posições e parcerias, e isso é o que o FSM da Bahia pretende fazer de forma inovadora”, diz Kjeld Jakobsen.
Uma das angústias de quem participa dos fóruns, diz Jakobsen, é que as propostas apresentadas não saem do papel. “Durante os encontros, são apontados diagnósticos para os problemas e depois nada é feito para contorná-los. Voltamos para nossas casas, nossos países e tudo continua”.
A falta de convergência e propostas concretas tem sido motivo de frustração para muitos participantes. É o maior problema que o fórum enfrenta há alguns anos. “No meio de centenas de eventos interessantes em Belém, o mais concorrido e o que deu maior visibilidade para o fórum foi o encontro dos presidentes Lula, Morales, Correa e Chávez”, frisa.
Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), ratifica: “Um dos principais anseios é que as propostas apresentadas sejam colocadas em prática”.
Para ele, contudo, o Fórum de
Salvador trará resultados. “Falta algo concreto nos encontros. Mas agora vamos colocar na agenda algo que possa ser implementado. Vai permitir o diálogo entre o cidadão e o governante. Isso vai permitir que os movimentos sociais voltem a lutar na perspectiva de valorização do trabalho e do trabalhador”, acredita.
Edileusa Vida, membro do comitê organizador do FSMT-BA, vê com otimismo a realização do Fórum na Bahia. “As propostas apresentadas pelos movimentos sociais serão amplamente divulgadas e, portanto, obrigatoriamente executadas. O fórum cria algo oficial. A partir do momento que o governo tomar conhecimento disso, tudo se tornará exeqüível”.
Mário Conceição, presidente do comitê gestor de ações para o trânsito, por sua vez, acredita que esse evento possibilitará que Bahia sedie, em 2013, o Fórum Mundial Social. “O Estado está bastante organizado. Em Dacar, vamos nos candidatar para que o evento seja realizado aqui”.
Fonte: Tribuna da Bahia
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