Foto: Daniel Ramalho / Terra
A associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma nota de repúdio contra a agressão sofrida pelo cinegrafista da TV Bandeirantes durante um protesto na tarde desta quinta-feira, no centro do Rio de Janeiro. Segundo a entidade, Santiago Ilídio Andrade, que foi atingido por estilhaços de uma bomba durante um protesto contra o aumento de tarifa de ônibus no Rio, foi o terceiro jornalista ferido em manifestações em 2014.
No aniversário de São Paulo, no dia 25 de janeiro, dois jornalistas foram feridos na capital paulista, segundo a Abraji. O órgão relata que Sebastião Moreira, da Agência EFE, foi agredido por PMs e Paulo Alexandre, freelancer, apanhou de guardas civis metropolitanos.
"A Abraji repudia ataques como esses a jornalistas. Em 2013, 114 profissionais foram feridos em todo o país durante a cobertura de protestos. É preocupante que 2014 comece com três casos de violência contra jornalistas. Se faz necessária uma apuração célere do ocorrido para que procedimentos sejam revistos e para que o Estado proteja a liberdade de expressão, a liberdade de informação e o jornalista", comunicou a entidade.
Estado graveSantiago Andrade, que foi ferido na cabeça, passou por uma operação durante a noite no hospital Souza Aguiar. No início da madrugada desta sexta, a Secretaria Municipal de Saúde disse que a cirurgia foi concluída e a hemorragia no ferimento da cabeça, controlada.
Por volta das 10h, a assessoria do hospital confirmou que o funcionário da Band continua em coma e internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Seu estado de saúde ainda é grave
Em nota, o Grupo Bandeirantes lamentou o ocorrido. "O cinegrafista Santiago Andrade da Band foi ferido na cabeça por um artefato – não se sabe, por enquanto, se uma bomba de gás lacrimogênio ou de fabricação caseira", afirmou o comunicado. O caso foi registrado no 5º Distrito Policial.
O fotógrafo do Terra Daniel Ramalho acompanhava a manifestação perto do cinegrafista, e contou que o profissional ficou no meio do fogo cruzado entre policiais e manifestantes. "Os manifestantes estavam jogando pedra e os PMs jogando bomba de gás, foi em um momento tenso, ele (o cinegrafista) estava até abrigado ao lado de uma árvore", disse. "Eu estava fotografando focado no grupo de policiais. Quando ouvi um barulho e olhei para a árvore, um negócio explodiu como se fosse um fogo de artifício, espalhou, teve um fogo grande para o lado e para cima. Quando olhei de novo, ele já estava caído, pela lente da câmera eu vi ele caindo 'duro' para o lado, e vi que era grave", relata o fotógrafo.
O operário de construção civil Carlos André Silva, 24 anos, também testemunhou a cena. "Estava indo para casa quando bem ao meu lado eu ouvi um estrondo. Quando olhei, vi ele caído, desacordado, com um buraco na cabeça. Ele sangrava muito."
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