quinta-feira, 27 de março de 2014

MOVIMENTO CULTURAL CONTEMP. CULTURA DE RESISTÊNCIA. A AVENTURA DE UMA GERAÇÃO

A melhor forma de enfrentar a ditadura para quem estava à frente da resistência cultural era a exposição total. Aparecer em público, aparecer com grandes grupos, dificultar a ação ditatorial. Afinal, quem era quem, o que fazia, para quem fazia?
Desta forma, o Movimento Cultural Contemp através do seu criador Luiz Ademir Souza enfrentou a ditadura militar. Sem medo foi buscando novos adeptos e parceiros. Não buscou porões e esconderijos. Luiz Ademir Souza escancarou.Formado pela Escola de Belas Artes da UFBA conseguiu com a sua coragem acreditar no sonho e na utopia.
Foi assim que Ivo Vellame passou a permitir lançamentos em Belas Artes e galeria Canizares. Em plena ditadura, quando estudantes não podiam se reunir, quando a aglomeração não era permitida e toda liberdade de expressão proibida, Luiz Ademir Souza enfrentava tudo.
O Movimento Cultural Contemp aparece em 1974 com o desejo de retomar a liberdade de expressão e defender os direitos do cidadão.
Cada lançamento literário envolvia os demais segmentos artísticos: música, teatro, recitais.Os locais escolhidos eram sempre públicos, geralmente envolvendo a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Católica de Salvador.
Naquele tempo não havia internet e, por consequência, inexistiam redes sociais. Todos os veículos de comunicação estavam censurados. Não existia celular nem sms. Poucos telefones fixos e mesmo assim grampeados.
Então, porque os lançamentos reuniam centenas de pessoas? A resposta está na mobilização e credibilidade que Luiz Ademir Souza ofertava ao Movimento Cultural Contemp.
Tudo tinha que ser rápido. Os autores entregavam os originais que, a partir de então, circulavam rapidamente. Do autor para Luiz Ademir que providenciava prefácio, apresentação,orelhas, ilustrações. Também fazia a revisão e levava para a gráfica. Geralmente, autores novos, inéditos até. E na base grandes nomes da cultura baiana e brasileira. Todos desafiando a ditadura.
O importante era produzir, desafiar e publicar. A censura começou a ter muito trabalho: como acabar com lançamentos de grande porte? Como?
A polícia política tentava por todas as formas. As pessoas eram ameaçadas, os livros censurados e apreendidos. Mas Luiz Ademir Souza não desistia.
O Movimento Cultural Contemp crescia cada vez mais com a franca adesão de jornalistas, artistas plásticos, atores, compositores, músicos. Os escritores foram abrindo as possibilidades de todos se expressarem.
Ao observarmos hoje, verificamos que o Movimento Cultural Contemp lançou desde autores agora famosos até autores de um único e inesquecível livro.
O importante era combater a ditadura, era incomodar a ditadura. Quando havia apreensão dos livros com ou sem auto de apreensão, os músicos e cantores se apresentavam, os atores também faziam interpretações relâmpago.
Naquela época Luiz Ademir Souza tinha 22 anos de idade. Ao seu lado sempre esteve Jorge Amado que enxergava nele a mesma vontade e o mesmo sonho libertário. Quero citar também o jornalista Antonio Loureiro de Souza, diretor geral da Faculdade de Jornalismo da UFBa;
Jornalista Jorge Calmon do A Tarde/UFBA; Jornalista João Carlos Teixeira Gomes do Jornal da Bahia/UFBA.
Assim, as gerações se completavam. Isto fazia com que a ditadura respeitasse Ademir. Quer se esconder?  Então se mostre!
 
Vera Mattos

 
 
 
  
http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4745569






Vera Mattos

Dirigente da Rede Risco Mulher Brasil.
 
Dirigente do Fórum Nacional de Mulheres contra o Femi
cidio.
Dirigente do Fórum Internacional de Mulheres contra o Femicidio.
Dirigente da Marcha Nacional de Mulheres contra o Estupro.
Dirigente da Seção Bahia - do Capítulo Brasil 

do Fórum de Mulheres do Mercosul
Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Membro da Rede Nacional de Direitos Humanos.
Conselheira Nacional em Direitos Humanos
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Um comentário:

  1. A Contemp foi uma luz nos tempos da ditadura. Parabéns Vera Mattos.

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