sexta-feira, 24 de julho de 2015

PROFESSOR MARQUES DE MELO É DECLARADO ANISTIADO POLÍTICO.

“Declaro formalmente o Sr. José Marques de Melo anistiado político brasileiro, por decisão unânime desta Comissão de Anistia. Neste momento, o Estado Brasileiro formaliza o pedido de desculpas pelas perseguições, pela prisão, pelo tempo em que esteve afastado do seu emprego e por todos os reflexos causados também à sua família.” Assim, a comissão nomeada pelo ministro da Justiça para aplicar a legislação da Anistia Política aos cidadãos penalizados pela ditadura de 1964 declarou o professor José Marques de Melo anistiado político, garantindo a consequente reparação a que ele tem direito por lei. O presidente da comissão, Paulo Abrahão, informou que os autos do processo de Anistia, conforme recomendado pelo relator do processo, Moraes de Almeida, serão enviados à Comissão da Verdade da USP, com a finalidade de “contribuir para o desenvolvimento dos trabalhos e acesso ao direito à memória e à verdade da instituição”. Representaram o professor Marques de Melo na cerimônia em que sua anistia política foi declarada, no dia 13 de julho, seu filho, Marcelo Briseno Marques de Melo, e sua nora, Priscila Zerbinato Marques de Melo. História José Marques de Melo iniciou sua trajetória intelectual como jornalista, engajando-se no movimento estudantil no começo dos anos 1960, no Recife. Integrou a delegação pernambucana que participou do histórico Congresso da UNE no Hotel Quitandinha, em Petrópolis (RJ). Foi protagonista de episódios notáveis, como a mobilização da imprensa para cobrir as visitas de Célia Guevara e Joffre Dmazedier ao Nordeste. Respaldando a ascensão política de Miguel Arraes, fez parte de sua equipe de governo nas áreas de educação e cultura. Preso e processado pelos golpistas de 1964, viu-se na contingência de migrar para São Paulo, contratado para lecionar na Faculdade de Jornalismo mantida pela Fundação Cásper Líbero. No estado, prestou concurso na Universidade de São Paulo para integrar o corpo docente fundador da Escola de Comunicações Culturais. Nas duas instituições, enfrentou resistências, sofreu perseguições e acabou por encabeçar a lista dos professores que o general Ednardo D`Avila, comandante do II Exército, rotulou como “subversivos”, determinando sua defenestração do sistema universitário. Por se tratar de documento sigiloso, os atos dele decorrentes permaneceram inacessíveis (alguns incinerados), na tentativa de assegurar a incolumidade dos funcionários que integravam o “terceiro estágio”, atuando como “dedos-duros” nas “assessorias de segurança e informação” dos Reitores que abdicaram das prerrogativas da autonomia universitária, nos estertores do regime militar (particularmente no período 1974-1979), quando cresciam em todo o país os clamores pela Anistia. Foto: Maria Inês Amarante

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