terça-feira, 24 de agosto de 2010

João Henrique:"Eu vou mudar a cara dessa orla, que era medonha, porque agora tenho o apoio da Justiça Federal e da Polícia Federal."



A ocupação da orla ao longo de quatro séculos foi criminosa. Primeiro, pela ocupação indevida do espaço público, onde as pessoas construíram barracas e verdadeiros barracos. Depois, pela cultura da desorganização, pela falta de fiscalização e a conivência das autoridades. Eu vou mudar a cara dessa orla, que era medonha, porque agora tenho o apoio da Justiça Federal e da Polícia Federal.
João Henrique.

Emmerson José e Sergio Costa | Redação CORREIO
emmerson.jose@redebahia.com.br
sergio.costa@redebahia.com.br


O choque de ordem que o prefeito João Henrique (PMDB) prega para a cidade vai pegar de jeito também quem faz xixi na rua. A ideia é inspirada no Rio de Janeiro, onde mais de 400 pessoas já foram presas por causa do mau hábito. Enquanto comemora a liderança de Salvador na geração de empregos entre as capitais do país, João anuncia que quer deixar, como marca de sua gestão, uma orla impecável, “que dê inveja ao Rio”, e onde as pessoas deixem de freqüentar “apenas para se embebedar”, como definiu em visita à Redação do CORREIO na sexta-feira. A seguir, os principais trechos da entrevista.




Prefeito, qual a cara da orla de Salvador que o senhor espera deixar ao fim do seu mandato?

Um lugar em que as pessoas se sintam bem ao ir à praia. A ocupação da orla ao longo de quatro séculos foi criminosa. Primeiro, pela ocupação indevida do espaço público, onde as pessoas construíram barracas e verdadeiros barracos. Depois, pela cultura da desorganização, pela falta de fiscalização e a conivência das autoridades. Eu vou mudar a cara dessa orla, que era medonha, porque agora tenho o apoio da Justiça Federal e da Polícia Federal.

Como o senhor gostaria de que olhassem sua gestão em Salvador no futuro? Eu acho que está ficando a marca da geração de empregos. Antes, as manchetes dos jornais daqui diziam que Salvador era a capital do desemprego em letras garrafais. Eu não aguentava mais essa marca, esse sofrimento. Mas eu gostaria de deixar uma orla linda, igual à de Ipanema no Rio. Salvador tem duas grandes joias. O Centro Histórico e a orla. Tudo o que se fala dessas joias toca fundo na alma das pessoas. Eu encontrei ruínas na orla: Jardim de Alah, Casa de Moscoso, a casa de um delegado chamado Feitosa, a sede do clube do BNB. Eram feridas urbanas que botei no chão.

As casas de prostituição que funcionam na orla não incomodam o senhor?

As borracharias fecharam, viu? Graças a nós. Porque a orla de Salvador era assim: borracharias, favelas e casas de strip-tease. Na medida em que você começa a oferecer à orla hotéis de cinco estrelas e edifícios de bom nível, naturalmente a ambientação - e a freqüência - vai ser outra. As pessoas vão começar a ir à praia para praticar esportes, para passear com a família, e não apenas para se embebedar.


E essa orla maravilhosa que o senhor quer deixar seria com as barracas recuadas, como no Rio? O senhor ainda acredita que isso vai sair?


Nós ainda temos dois anos e meio pela frente e na velocidade com que nossa administração trabalha, mesmo sem dinheiro, vai sair, sim. É a devolução do patrimônio público a seu público. A Paralela ganhou a densidade habitacional de hoje por causa do estúpido preconceito de não se deixar construir nada na orla de Salvador durante décadas, décadas e décadas. Se a gente não liberasse o gabarito da orla, a Paralela ficaria igual à Avenida Sete. A população de Salvador está tendo oportunidade de viver em frente ao mar. Ninguém vai fazer uma “copacabanização” aqui, com prédios colados. Aquilo foi na década de 50. Não tinha essa consciência ambiental de hoje. Se você muda a orla marítima, você muda a cidade. Na orla baixa, em parceria com o governo do estado, vamos fazer belíssimos calçadões, com cinco metros de largura, do Palanque do Remo até o Porto da Lenha. Nem o Rio tem igual.

O senhor fala muito em choque de ordem. Em que medida o senhor acha que as medidas podem reverter os problemas culturais que contribuem para a desordem urbana de Salvador?
A Europa começou a combater o xixi na rua no século 17, há 300 anos. Resolveu. Você não vê ninguém fazendo xixi na rua na Europa.

O senhor vai prender quem fizer xixi na rua?
A ideia é essa. É fazer o que está sendo feito no Rio de Janeiro. Eu trouxe aqui o secretário de Ordem Pública do Rio que nos mostrou o que foi feito por lá, das resistências que tiveram no começo, mas o prefeito contou com o apoio do governador e já foram presas mais de 400 pessoas por xixi na rua. Fazer o mesmo aqui seria emblemático. Mas eu preciso de apoio do estado e da União, porque a autoridade municipal aqui nunca foi levada muito a sério. Aqui só se respeita quem tem arma na cintura.

Então, a proibição do xixi na rua será uma das bandeiras, digamos assim, culturais do choque de ordem?
A ideia é essa, mas não é só. Tem mais, como a proibição de carga e descarga em certos horários ou a proibição de grandes caminhões e carretas de circular em horários de pico.

Um comentário:

  1. Tem apoio também da polícia, da guarda municipal.
    E se fosse presidente teria também de outros segmentos ainda mais autoritários.Sua entrevista é simplesmente lamentável.
    Parabéns aos companheiros que deixaram correr solto e conseguiram frases suas que certamente servirão para lembrar e comparar em alguma próxima campanha.Triste Bahia!

    ResponderExcluir

Você é livre para oferecer a sua opinião.