domingo, 3 de fevereiro de 2008

ANA BRUNI ESCREVE SOBRE A DOR DA VIOLÊNCIA SOFRIDA NA BAHIA.




"SAIA DA MINHA FRENTE CRIMINOSO!

AFASTE-SE QUANDO EU PASSAR!

NÃO SE ATREVA A LEVANTAR OS OLHOS PARA MIM!

NÃO ME INTIMIDE!

NÃO ME AMEAÇE!

NÃO ME PERSIGA PELAS RUAS!

SAIA DA MINHA FRENTE CRIMINOSO!

FIQUE COM SUA CORJA EM ITACARÉ!

AFASTE- SE DE MIM CRIMINOSO!

ITACARÉ - BAHIA
Ana Maria C. Bruni"




Dor.
Palavrinha miúda e atroz.
Quando vemos um animal com dor, nos penalizamos, o socorremos, cuidamos dele.
Quando vemos nossas irmãs em dor, o que fazemos?
São mulheres, me incluo nelas, que padecem em dor constante, aguda, atroz. Algumas com seqüelas de agressões físicas, outras com dores psicológicas vorazes. Mulheres consumidas pelo dor do medo, pela omissão,pela lentidão da justiça, pelo descaso e atendimento prestado pelas delegacias, pelo silêncio covarde da sociedade, pelas humilhações, difamações e ironias recebidas. Mulheres devoradas pelo ostracismo, pela indiferença de todos em relação aos golpes que destroçaram e destroem suas vidas.
Mulheres entorpecidas se tornam, algumas depressivas resultado da constatação de impunidade e descaso com a qual foram e são tratadas
Mulheres, cidadãs de um país que diz viver em democracia, mas que não respeita sua própria Constituição e os acordos celebrados com outros paises em relação ao fim da violência contra as mulheres.

No que o Brasil se diferencia das situações no Irã? Lá são as adúlteras apedrejadas (os homens que cometeram adultérios com elas ninguém fala), aqui somos apedrejadas diariamente, lentamente, silenciosamente, estatisticamente.Estupros, abusos sexuais, agressões, assassinatos, suicídios.Quantas mais deverão cair?

Nos emudecem, nos entorpecem, em alguns casos nos tornamos em criminosas para termos proteção e nos defendermos e quem nos acode? Quem nos orienta, nos protege?

Nossos órgãos de segurança e de justiça transmitem a voz da sociedade, que não se pronuncia. Não se manifestam, nos ignoram, ironizam.!

Não estamos algumas de nós, com nossas dores para nos lamuriar, já caímos e nos arrastamos, agora queremos os direitos a que temos direito em nosso país! Se isso equivale a Justiça que assim seja! Caso contrário que leis sejam reformuladas para que as mulheres de nosso Brasil possam viver exclusivamente com a dor de seus partos que geram estes homens que as agridem fisicamente, moralmente, patrimonialmente e psicologicamente.


Ana Maria C. Bruni

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