(“EU FALO SETE LÍNGUAS LULA NEM CONSEGUE FALAR PORTUGUÊS CORRETAMENTE” – FHC)
Laerte Braga
Fernando Henrique Cardoso tinha a obrigação, exatamente por falar sete línguas além do português e ter todos os títulos que tem, de ser o melhor presidente dentre todos os presidente ao longo de toda a história passada, presente e futura do Brasil. Foi o pior, foi o governo mais corrupto de todos os tempos.
Tancredo Neves tinha aversão a FHC. Quando eleito presidente, em 1984, começou a ser bombardeado por “amigos” do homem das sete línguas para que o escolhesse ministro. A conversa era por esse terreno. Aval da esquerda (putz!) ao governo. Um intelectual respeitado internacionalmente para abrir portas. Esses golpes típicos de tucanos.
Tancredo não embarcou na canoa. Sabia que era furada.
FHC vendeu seu peixe a Itamar Franco, mistura de sou, mas não sou e que pensa que algum dia foi presidente da República. Descolou sua candidatura planejada em Washington e em Wall Street , nas costas do Plano Real. Tentou antes ser ministro de Collor para “salvar” o governo e o projeto neoliberal do caçador de marajás. Covas não deixou.
Quando foi escolhido ministro das Relações Exteriores de Itamar havia comunicado aos amigos que seria candidato a deputado federal em 1994. Não iria tentar a reeleição para o Senado. As pesquisas mostravam que não seria reeleito e não queria ficar sem mandato.
Tratou de azeitar o caminho e é célebre a frase, já ministro da Fazenda, célebre pela cretinice, dita aos formuladores do Plano Real (Brizola no debate entre candidatos em 1994 disse que “esse plano vem de longe”) que temiam a reação de Itamar: “deixem Itamar comigo, eu o convenço”.
Convencer Itamar é o mais fácil. Basta ajoelhar e dizer que o dito está assentado à direita do Pai. Não precisa mais nada e FHC sabia disso, tanto que, presidente, tratou de dar-lhe um pontapé preciso no traseiro presunçoso.
E romper o trato (é especialista nisso, não tem palavra e nem caráter, não é imoral, é amoral) de apoiá-lo em 1998. Inaugurou o mensalão com a compra de votos de deputados e senadores para aprovar a reeleição.
FHC sabe que não tem chances sequer de ser senador. É o político mais rejeitado do País ao lado de notórios bandidos como Paulo Maluf, Joaquim Roriz e outros. Mas não admite perder o controle e é homem de confiança de Wall Street.
Essa história de cartões corporativos é bem mais complexa que os cartões propriamente ditos. Isso pouco interessa a FHC. Nutre esperanças de vir a ser secretário de Estado caso Hilary Clinton seja eleita presidente dos EUA.
Todos as denúncias levantadas contra o governo Lula fazem parte do projeto norte-americano para o Brasil, ainda mais agora, com a realidade de governos de esquerda tanto na América do Sul como na América Central. O Brasil é a chave dessa jogada toda e isso Nixon já dizia.
Nem tanto absorver Lula que paga o preço de tentar equilibrar-se numa corda roída, a da institucionalidade, deixando de lado os compromissos históricos do PT e dele próprio.
Mas é um golpe que se tenta. Terminado o período Lula o que os acionistas do Brasil S/A querem é alguém confiável e capaz de implementar as políticas de Washington/Wall Street.
Em termos de Brasil isso significa completar o processo de privatização da PETROBRAS (grupos estrangeiros detêm o controle da maioria das ações preferenciais). Privatizar o Banco do Brasil. Entrar no jogo de Amazônia internacionalizada na concepção de Al Gore. Arrematar o “negócio”, passar escritura na conversa fiada dos tratados de livre comércio, ressuscitar a ALCA (Aliança de Livre Comércio das Américas).
Os oito anos de Lula serão jogados no limbo e os anos seguintes retomam a agenda neoliberal in totum, sem qualquer restrição.
Todas as denúncias têm esse caráter e visam construir 2010. Não importa que o governador de São Paulo José Serra tenha cartões corporativos em sua administração e que mais de cem milhões de reais tenham sido gastos no ano de 2007, pois o papel da mídia, comprada e comprável (GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, ÉPOCA, a mídia regional, RECORDE, SBT, etc) é esconder o jogo e tratar o telespectador/leitor como Homer Simpson, na definição de um robô vestido de gente, William Bonner.
Nem importa que a privatização da VALE DO RIO DOCE tenha sido um crime contra a soberania nacional. Ou que toda a sorte de trapaças tenha sido cometida em seu período.
FHC foi o condutor de um processo de recolonização do Brasil. Lula não rompeu por inteiro esse processo, mas provocou e provoca fendas que abalam os projetos futuros dos donos do mundo.
Energia é a palavra chave. Petróleo (ainda mais agora com a descoberta de novas reservas, de campos de gás natural). Água. Bases para enfrentar adversários como Chávez, Evo Morales, Castro, Ortega, Corrêa (Equador), eventuais desacordos com os governos do Chile e da Argentina e o risco que a fazenda Paraguai venha cair em mãos da esquerda nas eleições deste ano.
PSDB/DEM, toda essa turma que arrota a hipocrisia da moralidade nos negócios públicos, que cobra de Lula o que nunca fizeram, cumpre esse papel.
A proposta do PT de uma CPI que apure gastos com os cartões corporativos desde 1998 assusta e não interessa a essa gente. Foi o que disse o mais dissimulado dos senadores, Álvaro Dias. Querem apenas apurar os gastos no governo Lula. O deles é secundário. Está incorporado à prática política que exercem desde tempos imemoriais.
Os bandidos estão vencendo.
Lula enfrenta armadilhas dentro da própria infantilidade de seus companheiros de partido, ou o deslumbramento de figuras guindadas a funções de governo e que metem os pés pelas mãos.
O problema da corrupção não é só uma questão de moral ou conduta nos negócios públicos. Transcende a isso e essa é a diferença entre Lula e FHC.
Lula não fala sete línguas, volta e meia erra o português, mas tem, ele Lula, algo que FHC e suas sete línguas não tem. Dignidade pessoal.
O que se assiste é a tentativa de desmoralizar um presidente da República com objetivos de pegar a chave do cofre e entregá-la aos acionistas que controlam o Estado brasileiro.
O Estado DASLU/FIESP. Sonegadores, lavadores de dinheiro, o de sempre. O preconceito mal disfarçado das elites.
De colocar um governo de joelhos e neutralizar as fendas abertas por setores responsáveis e lúcidos do governo (Celso Amorim, Patrus Ananias, Luís Dulci e outros evidente) não importa o espectro dentro do campo da esquerda, é outra história.
Na cabeça dessa gente é preciso reverter o voto dos nordestinos. A elite paulista sempre achou que o Nordeste era um adereço desnecessário, mas sempre explorou os migrantes. O voto de cada cidadão que não se deixa ludibriar por GLOBOS da vida. Impor a candidatura José Serra, projeto neoliberal que “vem de longe”.
Encher a cabeça da classe média (mérdia) que acredita que faz parte desse projeto, desse “negócio” e não percebe que é apenas adereço colorido, tipo bola sete nas sinucas onde encaçapam um país e um povo.
A opção é simples. É de sobrevivência da classe trabalhadora. A teimosa luta de classes disfarçada em matizes DASLU /FIESP de progresso como privilégio de elites que hoje são, por si, adereços dos donos do mundo.
Apátridas.
E nem se trata de ser patriota. Costuma ser o “último refúgio dos canalhas” (Samuel Johnson).
Trata-se de perceber que o Estado está falido, o modelo esgotado e essa “institucionalidade” é farsa.
O erro de Lula terá sido o de não ter percebido isso. Nem por isso o golpe é aceitável.
Há léguas de distância entre Lula (que fala errado, mas tem caráter) e FHC (que fala certo e representa a amoralidade do neoliberalismo).
Quem não perceber isso vai acabar dentro de uma caçapa escura guardada numa pasta cheia de podridões.
Eles estão apenas reformando as mesas de sinuca. Preparando as bolas e os tacos para voltarem ao poder.
E não pense que o preconceito é só contra quem fala o português de forma incorreta e não fala pelo menos mais uma língua, a da colônia, o inglês. É contra você cara pálida louro/a, moreno/a, negro/branco, que acha que VEJA tem a receita certa da elegância e do sucesso.
Tem não. Sabem é fazer pastel e encher desse vento fátuo da falsa moralidade. Isso tem nome. Mentira.
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