sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O DIABO ESTEVE SOLTO NA AVENIDA.



Foi um Carnaval diferente. Não podemos dizer que teve novidades. As músicas, com certeza, foram mais fracas. Forte mesmo tem sido, a cada ano, a presença de turistas. Quem tem dinheiro vai para os grandes hotéis, mas quem não tem se vira como pode. Algumas transversais dos circuitos serviram de camping. Os turistas argentinos, normalmente canguinhas, mão de pilão, sumíticos, conforme um amigo meu dono de pousada no Porto da Barra me garante, inventaram de trazer pequenas barracas, que cabem no máximo duas pessoas, e se instalaram. Eu vi, na rua Milton de Brito, a cena impagável de um casal de argentinos escovando os dentes à porta da barraca de náilon azul e amarela. A mesma escova serviu para os dois. O vendedor de cerveja é quem tomava conta, quando eles estavam na pipoca. Ganhou dez paus por noite. Nem me pergunte onde eles tomavam banho. Isso se tomaram durante os dias em que passaram por aqui. Carnaval tem sempre cenas impagáveis. Quem for ao Youtube vai ver, de outros carnavais, Carlinhos Brown como veio ao mundo. Vai ver Caetano Veloso em cenas antológicas. Tem também nosso governador para lá de Marrakesh. Vai ver também cenas deste ano em que o pai de Preta Gil, aparece, na perfeita transmissão da Tv Bahia, doidão. Tem também o anãozinho da Tv Aratu parecendo um peão e atrapalhando o elegante e carismático Casemiro Neto, em sua nova casa. E Zé Bim? Teve horas que fiquei preocupado, achando que ele iria explodir de tanta agitação, mas o coração do homem parece que está mesmo forte. É, taí, o Carnaval passou. Mas, tudo na vida passa. Passou Ivete, glamurosa, ave rara. Beijou, dançou, se esbaldou, uma moleca, Chapa Quente.E Daniela, fulgurante, um canto de rua cortante.Street Dance. Somente para ficar nas gostosas, deliciosas figuras que marcaram a festa baiana deste ano, como esquecer Claudia Leitte, que saiu ganhando todos os prêmios que a Band decidiu inventar. Parece que fizeram tudo em seu santo nome. É assim: passa trio, de todos os brilhos e quilates. Passa também a batucada de tambores possantes. O bêbado não viu nada passar. Chicleteiro tem de ser equilibrista nas cordas da guitarra de Bel. Parar? Não dá. Um longo beijo da moça de azul, sem tempo pra terminar. Um mascarado...Um mar de mascarados. Uma onda azul e branca, é Gandhy. A paz a passar. Passa Jammil, Durvalino, Brown e Margareth. Também é tempo de Djs. É hora de samba no templo do Axé, de acertar o pé. Tudo passa correndo.O artista domando o tempo que passou: é Armandinho trazendo a essência de Osmar e de Dodô, é Luiz Caldas e o Pierrot. Teve homem vestido de mulher, mulheres bonitas, pipoca louca, avalanche de gente e Gil, suor, abraços e emoções. Todos a mil. Taí nestes tempos loucos, uma semana é pouco. E passa mais trios, afoxés, e os afros. Batida certa no pedaço. A banda de sopro soprou. Ah! Passa até Rei Momo magro. Dá para duvidar que Carnaval é coisa do diabo? Ainda bem que Deus abençoou.


Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista.

Articulista da Tribuna da Bahia.

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