segunda-feira, 7 de julho de 2008

27% dos senadores nunca tiveram um voto.

Eleitos para defenderem os interesses de seus Estados, parlamentares têm deixado sua função de lado, seja para ocupar cargos no Executivo ou para se dedicar às campanhas municipais. Como resultado, o Senado tem hoje nada menos que 22 pessoas - 27% dos 81 senadores - legislando sem ter recebido nenhum voto.
O número pode aumentar nos próximos meses, já que três senadores - Marcelo Crivella (PRB-RJ), Patrícia Saboya (PDT-CE) e Wellington Salgado (PMDB-MG) - ainda não decidiram se vão se licenciar durante suas campanhas para prefeito e Fernando Collor (PTB-AL) pretende se afastar durante o período eleitoral. Na Câmara, 84 deputados - 16% do total - passarão os próximos meses mais dedicados às eleições em seus municípios que às suas funções parlamentares, recebendo normalmente. As regras para ocupar uma vaga no Senado em caso de licença, renúncia ou morte do titular dão margem a distorções. O candidato a senador é quem define seus dois suplentes - em muitos casos parentes ou financiadores, geralmente desconhecidos do eleitor e que não precisam ser mencionados na campanha. E o titular pode se licenciar por tempo indeterminado para ocupar outro cargo público, como o de ministro ou secretário estadual.Assim, pessoas que nunca receberam um voto podem não só chegar à Casa como ficar nela por mais tempo que um deputado eleito, já que o mandato de senador é de oito anos. Esta possibilidade leva a casos de financiadores de campanha que, na verdade, estão de olho em uma vaga no Senado. Quando o titular assume outro cargo, o financiador “ganha” um mandato. A norma na Câmara não permite isso: a vaga é ocupada pelo segundo mais votado da coligação pela qual o deputado foi eleito.
O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) financiou mais da metade da campanha do hoje ministro das Comunicações, Hélio Costa. Sem nunca ter concorrido a uma eleição, Salgado já ocupa o cargo há três anos - e pode passar mais dois nele. No início deste ano, foi denunciado pela Procuradoria Geral da República sob suspeita de sonegação fiscal. Ele nega a acusação. Como senador, tem direito a foro privilegiado.O usineiro João Tenório (PSDB-AL) foi o maior doador da campanha de Teotônio Vilela Filho ao Senado, em 2002. Teotônio foi eleito governador de Alagoas em 2006 e, desde então, a vaga é de João Tenório. Tanto Salgado quanto Tenório foram procurados para comentar o assunto, mas não houve resposta.
Para o cientista político Rubens Figueiredo, casos como esses são “péssimos”. “Quando o eleitor vota num candidato a senador, automaticamente está votando nessas pessoas, que ele nem sabe que existem. Então, há uma distorção na representação do eleitor”, diz.

Fonte:
Tribuna da Bahia
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