Massacre no Engenho Velho da Federação Por Priscila Melo A disputa entre traficantes está tornando perigoso e às vezes mortal freqüentar alguns bares em locais como Fazenda Garcia, Calabar, Engenho Velho de Brotas e da Federação e Mussurunga. Na noite de ontem, por volta das 20 horas, mais uma chacina deixou quatro pessoas mortas e nove feridas na Rua Apolinário Santana, final de linha do Engenho Velho da Federação. Um grupo de pessoas assistia ao jogo do Esporte Clube Vitória contra o Flamengo no "Bar Presidente" e já estavam comemorando o resultado da partida, em clima de euforia e felicidade, quando cerca de 16 homens fortemente armados chegaram atirando, alguns estavam de táxi e outros a pé. O local foi tomado pelo pânico. Moradores da região relataram o fato como cena de filme, "um horror". Segundo a polícia, os bandidos portavam pistola 380, escopeta calibre 12 e metralhadora e efetuaram mais de 50 disparos contra as pessoas que estavam no estabelecimento. Moi-séis Pereira Machado tentou se livrar das balas, mas terminou morrendo no local. Deram entrada no Hospital Geral do Estado (HGE) Alexandre Silva Andrade, de 32 anos, Amadir Silva Santos, de 29 anos, Deise Virgem Cardoso Santos, de 23 anos, Edval Levino Goes, de 56 anos, Egídia Teles da Cruz, de 58 anos, Fábio Lima Silva, Nadson Macêdo Lima, de 29 anos, Tamires Santos Oliveira, 18 anos, Valdir das Virgens, de 40 anos, uma mulher de prenome Andréa, de 29 anos e mais duas pessoas de dados, até então, ignorados. Dessas vítimas, três pessoas das quais os nomes não foram confirmados morreram no hospital. Segundo informações do coordenador do Grupo Visão Noturna Adailton Adan, que esteve no local do crime, a suspeita é de que se trata mais uma vez de rixa entre gangues por pontos de tráfico de drogas, fato que vem acontecendo com freqüência em Salvador, principalmente nos finais de semana, quando o índice de violência aumenta. O delegado informou ainda, que não existe confirmação se as vítimas teriam antecedentes criminais, ou se estariam envolvidas com o tráfico. Moradores do bairro, que estavam no local, no momento do massacre, afirmaram que os marginais já chegaram atirando, sem perguntar por ninguém, dando a entender que a intenção era matar todos que estavam no bar. Policiais da 7ª Delegacia, localizada no Rio Vermelho, estão investigando o caso. O delegado Carlos Henrique, da 6ª Delegacia acompanhou o atendimento das vítimas no HGE, pelo fato do hospital estar localizado na área do bairro de Brotas. Esta é a quinta chacina que aconteceu em Salvador somente este ano. Ontem, a primeira informação da Central de Telecomunicações da Polícia (Centel), era de que havia ocorrido um tiroteio entre bandidos com uma morte. As rádios chegaram a divulgar que seis pessoas teriam morrido. Pela quantidade de vítimas que deram entrada no HGE, houve dificuldade na confirmação das informações de óbitos. Até o fechamento desta edição, a informação do posto policial do HGE era de três mortos, dos que deram entrada no hospital. O estado de saúde dos feridos não foi divulgado. Hoje, a Secretaria de Segurança Pública entrega novas viaturas para a polícia, na tentativa de atender uma das dificuldades da capital. Até então, as investigações das últimas chacinas, sem contar com a de sábado, foram elucidadas. A briga pelo tráfico de drogas na capital tem crescido nos últimos meses, com registro de outras tentativas de chacina em Salvador e Região Metropolitana. Traficantes impõem o medo para dominar A disputa por pontos de tráficos e a rivalidade entre as quadrilhas têm transformado alguns bairros de Salvador em locais perigosos, com os moradores sendo expostos à troca de tiros entre bandidos. Foi assim ontem no Engenho Velho da Federação, como também ocorreu no dia 7 no bairro do Garcia, quando Valdir Ferreira da Costa, de 43 anos, morreu e outras seis pessoas ficaram feridas. Vários homens chegaram atirando em um grupo de torcedores que estavam num bar na Rua Prediliano Pita, fim de linha do Garcia. Eles assistiam ao jogo Portuguesa x Vitória, quando foram surpreendidos pelos marginais em três carros. A polícia suspeita que a ação tenha sido uma resposta de traficantes do Calabar a uma chacina ocorrida na Baixa da Égua. Depois da prisão de Perna ( ele foi preso dentro da penintenciária com dinheiro e maconha), que comandava o tráfico de dentro da cela, a disputa pelo domínio dos pontos de venda de drogas se acirrou na cidade e os traficantes estão estabelecendo suas bases sob o signo da execução. Moradores do Calabar, Engenho Velho de Brotas, Mussurunga, Itapuã passaram a conviver com o medo e o risco de ser morto enquanto caminham na rua ou se divertem nos bares nos finais de semana. Foi assim recentemente na Baixinha de Mussurunga, quando sete pais de família foram sacrificados para que um bando mostrasse ao grupo rival "como se mata inocentes". Em uma outra matança, ocorrida em junho no Alto das Pombas e Calabar quatro pessoas foram massacradas. O tiroteio durou mais de 15 minutos. Armados com metralhadoras e fuzis, 20 homens invadiram a região à procura do traficante Averaldo Ferreira Silva, e não respeitaram as pessoas honestas que não têm ligação com o crime. As vítimas foram Paulo César Ferreira, 27 anos, Roque Lazaro da Silva, 21, Gutemberg Santana Gouveia, 18, e Lucas Henrique da Silva Vieira, conhecido como Cebola. O vigilante do cemitério Campo Santo, Adilson Ferreira Damasceno foi atingido na perna por um dos bandidos. Uma moça de prenome Amanda, 19, foi atingida de raspão dentro da própria casa, quando assistia televisão. A ação dos bandidos foi ousada e destemida. Com os rostos à mostra e armas pesadas nas mãos, eles cercaram a região e invadiram a localidade por duas entradas: Alto das Pombas e pela Rua Ranulfo Oliveira, no Calabar. Pelo menos três carros e três motocicletas foram utilizados para levar parte dos bandidos até a entrada do Alto das Pombas, próximo ao cemitério do Campo Santo. |
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