sábado, 1 de novembro de 2008

Campanha quer homens no combate à violência contra a mulher.

BRASÍLIA - Em meio às discussões sobre a aplicabilidade da Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, e criada para punir com mais rigor a violência doméstica contra as mulheres, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) lançou na última quinta, em Brasília, a campanha nacional "Homens unidos pelo fim da violência contra as Mulheres".

No Brasil, a população feminina é a principal vítima das violências doméstica e sexual, da infância até a terceira idade. Entre agosto de 2006 e julho de 2007, elas representaram 74% das 8.918 notificações do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes, do Ministério da Saúde.

– A sociedade precisa entender que esse não é um problema a ser resolvido entre mulheres – argumentou a ministra Nilcéa Freire. – A violência contra elas não é causada por um ímpeto, nem pode ser vista como briga de casal. É uma violência sistemática e mostra claramente uma relação de desigualdade, baseada em uma cultura machista.

Pioneirismo brasileiro

A iniciativa é uma resposta do Estado brasileiro à convocação do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que lançou no início do ano a campanha Unite to End Violence Against Women, chamando os líderes mundiais para aderirem à causa. O Brasil, no entanto, é o primeiro país a colocar no homem o foco do combate à violência.

Desde quinta já está no ar a primeira peça da campanha, um site que pretende coletar a assinatura de milhões de homens. Ao aderirem à campanha, eles se comprometem publicamente a contribuir pela implementação integral da Lei Maria da Penha e pela efetivação de políticas públicas voltadas para o fim da violência contra o gênero feminino. A coleta de assinaturas masculinas se encerra no dia 5 de dezembro, véspera do Dia Nacional de Luta dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, instituído pela Lei 11.489 de 2007.

– Vamos ao Maracanã e onde mais for necessário para buscar o comprometimento dos homens – disse Nilcéa. – Não basta não fazer, é preciso não admitir que os outros façam.

Para o coordenador da UNAIDS no Brasil, Pedro Chequer, a mudança cultural também deve acontecer entre a população feminina porque pesquisa recente da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostrou que mulheres de diversos países aceitam como normal a agressão do homem em alguns casos, como quando eles são vítimas de traição.

Ainda de acordo com a OMS, pelo menos uma em cada três mulheres em todo o mundo apanham, são violentadas ou forçadas a manter relações sexuais em algum momento de sua vida. Metade das mulheres assassinadas são vítimas do próprio marido ou namorado, seja o ex ou atual.

– É preciso acabar com a cultura de achar que assassinato de mulher cometido por parceiro ou ex-parceiro é um crime passional – defende Alanna Armitage, do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil (Unfpa, sigla em inglês). – Esse é assassinato como outro e deve ser tratado com o mesmo rigor.

Online

A Central de Atendimento à Mulher da SEPM, o Ligue 180, registrou 121.891 atendimentos de janeiro a junho deste ano. Um aumento de 107,9% em relação ao mesmo período de 2007, quando foram registradas 58.417 denúncias. A maioria das usuárias do canal de denúncias, 61,5%, afirmaram serem agredidas diariamente, enquanto 17,8% semanalmente. Os agressores são, na maioria, os próprios companheiros (63,9%) que, muitas vezes, são usuários de drogas ou álcool.


[23:24] - 31/10/2008
Luciana Abade , Jornal do Brasil

Um comentário:

  1. O mundo esta repleto de violencia nao apenas contra a mulher mas muito, muito, muito mais de homens contra homens. Sao os homens que mais morrem em todo o mundo vitimas da violencia. Neste caso esta havendo uma separacao, pois a campanha deve ser estendida a todos sem distincao de raca, sexo, religiao, enfim, a campanha deve ser pelo fim da violencia do ser humano contra o proprio ser humano, e nao para proteger apenas um sexo.
    Parece tomar o mesmo rumo que as cotas, falam-se muito sobre cotas, mas somente se for para negros, deixando de lado os brancos pobres, havendo tambem nesse caso a separacao das racas, indicando apenas que somente os negros tem direito a cotas e os brancos pobres que fiquem de lado.
    Onde esta se valendo essa tal de constituicao que diz nao poder haver distincao de raca, religiao...
    Acredito em muito dinheiro por detras dessas campanhas.

    ResponderExcluir

Você é livre para oferecer a sua opinião.