Crime de mando, assalto e sequestro relâmpago. Estas são algumas das hipóteses levantadas pela polícia sobre a morte da médica Rita de Cássia Tavares Giacon, 39 anos. Tida como uma pessoa pacata, prestativa, e sem inimigos, o que mais intriga a polícia, parentes e amigos é a forma como a mulher foi morta.
A possibilidade de crime de mando vem do fato dos agressores não terem levado nada da vítima, a não ser uma carteira com os cartões e documentos. Porém não foi realizado retirada de dinheiro, nem cartões foram usados para comprar algo. Enquanto isso, bolsa, joias e compras foram abandonados no carro modelo Zafira, pertencente à vítima, que foi deixado na BR-324, sentido Salvador, com a filha dela dentro, uma criança de 1 ano e oito meses, que foi poupada pelos agressores.
O laudo da necrópsia identificou que a médica foi morta depois que os pneus do carro passaram na cabeça e barriga dela mais de uma vez. O carro de Rita de Cássia foi encontrado na BR-324, na região de São Sebastião do Passé, distante 12 km do corpo da médica. Nos pneus do carro e lateral, havia grande concentração de barro. Já no interior do veículo, havia vestígio de sangue. Apesar disso, no corpo da vítima não foram encontrados lesões causadas por tiros ou uso de arma branca.
Portanto, indícios apontam que a médica teria sido levada até a estrada de barro que dá acesso a Fazenda Lagoa, próxima a Santo Amaro, onde teria sido espancada e depois o carro passado por cima várias vezes. Já no caminho de volta a Salvador, o carro foi encontrado pelos agentes da Polícia Rodoviária Federal, sem gasolina e com a filha da vítima dormindo na cadeirinha de bebê.
Um vendedor de frutas revelou que no dia do crime, no final da tarde da última quinta-feira, viu um veículo modelo Zafira voltando da estrada de barro com tanta velocidade, que ele teve que se jogar num barranco para não ser atropelado. A testemunha chegou a gravar as características do homem que conduzia o veículo, sendo de pele clara e cabelos lisos. As delegadas, Dalva Cardoso e Andréa Ribeiro, ambas lotadas na Delegacia de Homicídio (DH), foram neste sábado ao local onde o corpo foi encontrado, a fim de tentar levantar mais indícios que possam identificar os criminosos.
Na última sexta-feira, um homem chegou a ser conduzido para a delegacia, mas foi solto no sábado pela manhã por falta de provas. Ontem, o esposo da vítima, o médico Márcio Martinez e alguns colegas de trabalho da médica, foram ouvidos pelas delegadas.
Outra peça importante nas investigações, o conteúdo do circuito interno de TV do Shopping Iguatemi, onde a médica realizou as últimas compras, já está sendo analisado pela polícia. Mas, os agentes não divulgaram detalhes das filmagens para a imprensa. Outra especulação é de que a médica pode ter sido abordada pelos marginais quando entrava no carro, no estacionamento do shopping, o que não teria sido gravado, pela ausência de câmeras.
Diligências estão sendo realizadas nos municípios de São Sebastião do Passé e Santo Amaro, no recôncavo baiano. Segundo o delegado chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo, nenhuma informação sobre o crime será concedida pela polícia antes de realizar a prisão dos autores. “Várias pessoas já foram ouvidas. Estamos trabalhando ininterruptamente no caso, seguindo algumas pistas, que não podemos adiantar”, disse Bispo. O chefe do Serviço de Investigação da DH, Clóvis Santos, informou que duas equipes investigam o crime.
Silvana Blesa/Tribuna da Bahia
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