segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Assassinato da médica ainda é um mistério.

Continua o mistério sobre a morte da médica pediatra, Rita de Cássia Tavares Giacon Matrinez. De acordo com informações de polícias do Serviço de Investigação (SI), da Delegacia de Homicídios (DH) na noite de ontem, a polícia teria recebido uma denúncia anônima de que alguns homens estariam dentro de uma casa na cidade de Madre de Deus, e seriam suspeitos do assassinato. Policiais foram até o local indicado, mas ninguém foi encontrado. Segundo o chefe do SI, Clovis Santos, a polícia realizou buscas em Madre de Deus e São Sebastião do Passé, mas nenhum suspeito foi preso. “Acredito que até a próxima segunda-feira os culpados estejam presos. Vamos trabalhar em cima das informações que já temos em mãos e tentar prender os assassinos”, afirmou. As imagens do circuito interno do shopping foram entregues ainda ontem à polícia.

O corpo da médica, vítima de um suposto sequestro, foi liberado do Instituto Médico Legal, na manhã de ontem. Duas equipes chefiadas pelas delegadas Andréa Barbosa e Dalva Cardoso, da Delegacia de Homicídios, investigam o crime e não divulgaram os suspeitos da autoria do assassinato.

Segundo Antonio Sá Telles, amigo da família, a médica residia há 10 anos em Salvador, no bairro da Pituba. O marido dela, o também médico, Márcio Martinez, é baiano. “Eles estudaram juntos e se conheceram durante o período de residência. Se casaram e vieram morar aqui. Os dois tinham uma convivência ótima. Eram tranquilos. Desconheço qualquer situação de briga e desentendimentos entre o casal”, afirmou.

Ainda segundo relatos de Antonio Sá, no dia do crime, Rita de Cássia estava de folga. Ela saiu com a filha de 1 ano e oito meses para comprar presentes para o Dia dos Pais. No período da noite, iria dar plantão no Hospital Santa Izabel. A médica também trabalhava em um posto de saúde, localizado no Nordeste de Amaralina.

Uma das hipóteses do crime é que a médica paulista tenha sofrido sequestro relâmpago após ter ido fazer compras no shopping Iguatemi com a filha de 1 ano e oito meses. Ela teria sido abordada por bandidos na Avenida Tancredo Neves. Uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) encontrou o carro da médica, um Zafira preto, de placa JSH-2055, abandonado no km-582 da BR-324 (entre os municípios de São Sebastião do Passé e Candeias). O veículo estava sem combustível e, no interior, a filha de Rita de Cássia estava dormindo. Horas depois, o corpo da pediatra foi encontrado próximo a Fazenda da Lagoa, localizado na região de Santo Amaro. Segundo informações da PRF, não havia marcas de arma branca ou disparos de arma de fogo. A suspeita é que ela tenha sido atropelada.

Porém, amigos da vítima ficaram intrigados com a morte da médica. “É muito estranho esse crime. Nada foi roubado e nenhuma transação bancária foi efetuada no momento do sequestro. Nem os presentes foram levados”, desabafou uma amiga de Rita, que não quis se identificar.

Crime brutal intriga os familiares

A pedidos de amigos e colegas de profissão, o corpo da médica pediatra Rita de Cássia Tavares Giacon Martinez, 39 anos, foi velado na capela do Cemitério Campo Santo, bairro de Brotas, durante toda a noite de ontem. Os pais e o marido da vítima, até a noite desta sexta-feira, não teriam comparecido ao cemitério. Segundo familiares, ambos estariam abalados emocionalmente e evitaram comparecer ao velório.

O capitão de fragata, médico e diretor do Hospital Naval, Álvaro Figueiredo Bisneto, presente no cemitério, lamentou a tragédia e relembrou os cinco anos em que a médica teria trabalhado na unidade. “Ela era 1ª tenente médica. Era uma pessoa cativante. Uma profissional que adorava o trabalho. Todos os membros do hospital estão em estado de choque. Foi uma crueldade o que fizeram. Interromper a vida de uma pessoa desse jeito”, lamentou Álvaro.

O irmão da cunhada da vítima, Antonio, também presente na capela, contou que até o inicio da noite, a polícia não teria liberado o corpo da vítima para que fosse enterrado em São Paulo. Segundo ele, durante a tarde, o sogro da médica teria ido à delegacia de São Sebastião do Passé, pegar autorização para que o corpo fosse encaminhado para a cidade onde Rita nasceu. “Toda a família está em estado de choque. Ela não tinha inimigos. Mais uma vez os bandidos matam e ganham a impunidade. Até onde vai está violência”, questionou Antonio.

Por que tanta violência? Está foi à pergunta de Mario, parente de Marcio, marido da vítima. “Ela saiu para fazer compras para o dia dos pais. Pelas notas fiscais, até as 11 horas da manhã ela estava no shopping. A partir daí não sabemos mais o que aconteceu. O governo e a própria polícia tem que dar satisfação aos familiares e a sociedade sobre essa tragédia”, disse Mario.

“Eles estavam casados há dez anos. Moravam no Pituba Ville. O sonho de Rita era ter uma filha. Os dois eram apaixonados resolveram ter um filho. Quando a criança nasceu, ela deixou o hospital da marinha e ficou apenas com os plantões para ter tempo de cuidar da filha”, contou uma ex-colega de trabalho que não quis se identificar.

De acordo com informações de parentes, o corpo da médica será encaminhado hoje pela manhã, para a cidade de São Paulo, onde será enterrado. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) enviou uma nota sobre o falecimento prematuro e trágico da médica Rita de Cássia, servidora do 9º Centro de Saúde Sabino Silva, há 9 anos. Por conta do falecimento, os atendimentos na unidade só serão retomados da segunda-feira, dia 10.


Tatiana Ribeiro e Leidiane Brandão
Tribuna da Bahia

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