Uma mistura inusitada entre a batida percussiva cadenciada em samba e o reggae jamaicano ganhou o mundo puxada pelo grupo Olodum, com o nome de samba-reggae. Seu inventor, Neguinho do Samba, deixa, além da saudade, um legado importante na música baiana e brasileira.
“Recebemos a notícia com muito pesar. Ficamos órfãos do mestre. Ele foi uma figura importantíssima para a cultura da Bahia. Foi com a fusão do samba baiano com o reggae jamaicano que a Bahia ficou conhecida internacionalmente. Mas, felizmente, ele conseguiu passar sua sabedoria para muitos jovens”, lamentou Nelson Mendes, diretor artístico do Olodum.
Sempre inovador, Neguinho costumava fazer adaptações nos instrumentos, para tirar o máximo proveito deles ou descobrir variações de sons ainda inéditas. Foi assim que modificou os tambores com uma pele suplementar e tornou a sonoridade mais abafada e suave, feita especialmente para as meninas da Banda Didá.
“ Ele sempre trazia uma inovação rítmica, de forma que hoje deixa herdeiros da sua criatividade e poder de inovação. Estamos profundamente tristes com esta perda, que aconteceu de forma tão repentina”, emendou Mendes.
“Para nós, na escola do Olodum, foi um grande choque, estamos todos muito abalados com a notícia. Os tambores do Olodum se calam neste momento para homenagear o precursor da mistura entre o samba e o reggae, que resultou no ritmo que o Olodum ajudou a espalhar pelo mundo”, completou Cristina Calaccio, que é diretora da escola do Olodum.
Para o presidente do conselho do Muzenza, Geraldo Miranda, “a Bahia perdeu um homem que fez muito pelo Estado nos últimos 20 anos. Ele desenvolvia projetos não só na área musical, com a criação de ritmos, mas elaborava projetos sociais. Atualmente, ele tinha mais de 300 alunos”, lembrou Geraldo.
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, emitiu nota oficial de pesar afirmando que o Brasil perde uma pessoa das raras que se pode dizer genial e um dos músicos mais importantes do século XX e deste. “Do Brasil e do mundo – Michael Jackson, Paul Simon, Sadao Watanabe, quantos não buscaram nele ousadas sonoridades para suas criações”, refletiu Juca Ferreira.
Colaborou Marcos Casé*
Fonte: A Tarde
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