quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Bahia: A interiorização brutal da violência.

Cadeiras na porta à noite, bate-papo entre comadres e compadres, janelas abertas às escâncaras no verão para deixar entrar a brisa, longos e agradáveis passeios a cavalo, e armas, em casa, talvez para se defender de algum animal selvagem ou, coisa raríssima, proteger-se de quase pitorescos ladrões de gado. Assim era o interior baiano que conheci, oriundo que sou da zona rural. Falo de Itapetinga, Itambé e mesmo a atualmente infernal Vitória da Conquista.
Bandos armados, com até 20 bandidos encapuzados, assaltando bancos, saqueando lojas e atirando a esmo, numa cena idêntica ao faroeste americano do século XIX, como acaba de acontecer em Amargosa; assaltos em Capim Grosso; revolta de presos e morte em Serrinha; policiais encapuzados trucidando inocentes em Conquista. Assim é o interior, hoje.
Cena futura: multidão eufórica, aos berros, se jogando atrás de trios elétricos ou, os mais privilegiados, esbaldando-se em luxuosos camarotes. Centenas de milhares de turistas. E policiamento triplicado para dar segurança a tanta gente. Assim será Salvador durante seis dias, a partir desta quinta-feira. E eu, perplexo, pergunto: como ficará a segurança, já pífia, no interior do estado, com a inevitável transferência de tropas policiais para o Carnaval da capital?
E deixo outra pergunta, para a Quarta-Feira de Cinzas, sem querer esquentar ainda mais a cabeça dos ressaqueados: o que será feito, em nível nacional e local, para EFETIVAMENTE reduzir o insuportável nível a que chegou a insegurança pública neste país?

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