Entidade fala de luta de cinco anos ao entregar relatório com irregularidades no Carnaval de 2009
O vice-prefeito Edvaldo Brito recebeu, na tarde desta terça-feira (19), os diretores do Sindicato dos Cordeiros. O presidente Percival Bispo dos Santos, o tesoureiro Mateus Silva e o diretor de comunicação Carlos Lima foram ao gabinete para agradecer ao vice-prefeito o empenho em tornar mais digno o trabalho da categoria. E entregaram um relatório com as irregularidades no Carnaval de 2009.
Segundo os diretores do sindicato, essa é uma luta que já dura cinco anos, desde que foi assinado o primeiro Termo de Ajustamento de Conduta, o TAC. E, sempre sentindo-se órfãos, eles comemoram que o poder municipal tenha finalmente olhado para a categoria. “Os donos de blocos tiveram cinco anos para cuidar das questões dos cordeiros e nunca fizeram nada. Mais cedo ou mais tarde o poder público ia tomar uma decisão”, disse Percival Bispo, presidente do sindicato.
Os cordeiros informam que o trabalho é terceirizado em muitos níveis, pois os blocos não querem ter responsabilidades com a contratação. Quem contrata é um coordenador, que nomeia fiscais para irem em busca de candidatos em comunidades pobres. “E os blocos não deveriam aceitar qualquer pessoa, pois o cordeiro tem de ser cadastrado na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego”, diz o presidente.
O sindicato tem nove mil filiados. Só em Salvador são 70 mil cordeiros. O número se agiganta mais ainda se forem levadas em conta as 38 micaretas que todos os anos acontecem em cidades do interior, como Porto Seguro, Feira de Santana e Vitória da Conquista.
Os sindicalistas informam que, muitas vezes, o cordeiro trabalha 14 horas por dia. Muitos chegam ao local de saída do bloco às sete da manhã. “O essencial hoje é o respeito, mas ninguém pensa nisso. O mais urgente, no momento, é a questão da alimentação. A água e o suco ficam expostos ao sol quente desde cedo, e quando chegam até nós muitas vezes estão deteriorados, causando infecção intestinal. E não é raro recebermos biscoitos vencidos”, diz o diretor de comunicação Carlos Lima. Os cordeiros preferem receber um lanche ou um ticket-refeição.
O dinheiro do serviço é outro problema. Muitas vezes o cordeiro nem recebe o pagamento, ou recebe um valor menor do que foi acertado: “o interesse nessa cultura capitalista é que o setor seja desorganizado mesmo, uma bagunça, porque aí eles pagam e fazem o que querem. Na hora do cordeiro receber o pagamento muitas vezes é ameaçado até por seguranças armados e acaba aceitando qualquer valor porque os atravessadores querem ganhar mais ainda, retirando da baixa remuneração do cordeiro”, diz o tesoureiro Mateus Silva. Segundo ele, no Carnaval passado somente três blocos cumpriram o TAC na totalidade: Meu e Seu, Filhos de Gandhy e Ilê Aiyê.
Finalizando a visita, eles declararam apoio ao trabalho fruto das reuniões do Carnaval: “nós estamos com o estatuto, com a Prefeitura, com o professor Edvaldo Brito. A esperança é a última que morre, e agora nós conseguimos um aliado muito forte, uma pessoa respeitada e de muito prestígio”, disse o presidente Percival Bispo dos Santos. Durante a visita, o presidente da Saltur, Cláudio Tinoco, também foi chamado ao gabinete para ouvir as declarações, junto com o assessor-chefe do vice-prefeito Guilherme Santos. Edvaldo Brito agradeceu a visita de todos e declarou: “a luta de vocês é também uma luta nossa. Eu estou do lado de vocês, nós vamos lutar juntos. Vocês precisam estar unidos e serem fortes. E eu não tenho medo de promover o bem”.
Fonte Secom
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