quarta-feira, 16 de julho de 2008

Jolivaldo Freitas escreve: caçando policial gordo.


 
Caçando policial gordo

   Não estou inventando e olha que gosto de inventar, desde menino, e quem me conhece sabe. Eu vi com estes olhos que as lombrigas irão comer, um policial tentando correr do epicentro de um tiroteio na avenida Tancredo Neves (aliás, se Tancredo vivo o fosse iria pedir para tirar seu nome de lá, pois a artéria foi transformada num autêntico Curral OK, onde só tem bandido. Aliás, repito de novo, não estou inventando, mas já vi até cavalo e boi andando em direção ao Costa Azul, no meio do trânsito, coisas que somente acontecem em Salvador). Você então me pergunta: e daí?
   Claro que polícia não é besta de ficar no meio das balas zunindo e se enterrando nas paredes, nas chaparias dos carros e na carne dos outros. O inusitado era que por mais que corresse quase não saia do lugar. O policial estava tão gordo que não dava um passo inteiro e bufava tanto que se ouvia de longe. Lá de cima do prédio, onde eu me encontrava fazendo exames para baixar a pressão, meu coração disparava vendo a aflição do homem. Tome tiro e ele tentando alcançar a proteção de um prédio. Quando consegue atravessar a rua às duras penas, a farda tão apertada nos coxões obesos que parecia malha de bailarina feita de cáqui, rasga. Piora quando ele tenta se jogar sobre o capô de um carro estacionado. Abre de cima abaixo.
  O homem se esconde atrás do veículo e some. O tiroteio acaba e vi que em nenhum momento, graças aos céus, os bandidos viram o policial gorducho. Estavam era trocando tiros com os seguranças de um banco e de um carro-forte. Não vi se o policial tinha armas, mas sei que, se tinha, economizou bala. Fez bem, pois cada bala atirada custa módicos R$ 6 para desconto na folha no final do mês.
   Depois, com os nervos no lugar, parei para observar melhor. Os bandidos já tinham ido embora, a polícia apareceu, os seguranças ficaram amarelos e o povo se borrou de medo. Algumas pessoas foram dar apoio moral ao policial que virou motivo de chacota. A galera perguntava como é que um cara tão gordo, com a barriga maior que a minha e a sua juntas,????????????¸????????: podia estar atuando na rua. Se não levou tiro foi por sorte. Se não foi atropelado pelos carros em velocidade, foi uma questão de cinética.
  Tá bom. Passou o tempo e eu já tinha esquecido do assunto, quando na semana passada estive no Pelourinho. Pode-se afirmar que o Pelô está às moscas. Tanto que não tem quase turista pelas ruas, as praças estão tristes e caladas e somente os vendedores de fitinhas do Bonfim, camisetas com a marca do Olodum e quadros naifs ainda insistem, porque não tem jeito mesmo. Ou vende ou cai na marginalidade, voltando ao tempo em que o Pelourinho era reduto de putas, travestis e polícia civil. O lugar está tão vazio que eu conversava e ouvia o eco. Fiquei todo arrepiado. Foi ali, já indo para o Terreiro de Jesus que presenciei uma verdadeira sessão pastelão. Um policial baixinho corria atrás de um pivete. O garoto se divertia dando um baile no PM. O oficial mais gordo que um porco de historinhas infantis suava e tentava pegar o garoto e nada. O menino sumiu numa viela e dei graças que o policial obeso não lembrou de puxar o revólver. Outro que soube economizar bala.
  Tive de dar risada e seguir em frente. Pasme! No meio da Praça da Sé, parada como se fosse uma escultura de Eliana Kertész, daquelas que ficam em Ondina, estava uma policial feminina aloirada. Uma beleza de obesidade quase mórbida. Um alvo fácil para qualquer inimigo da polícia e olha que o que estão matando de policiais, só tem correlação com o que os índios fizeram com a Sétima Cavalaria. Também, como policial gordo pode correr atrás de bandido, ou pior, correr do bandido? Agora ando com a mania de ficar enumerando PMs gordos, barrigudos, com a bunda grande, com peitões ou atarracados e mentirinhas (como antigamente se dizia de quem tem as pernas mais curtas que o resto do corpo).
  Foi então que tive a certeza que é necessário que o comandante da Polícia Militar mande, de imediato, efetuar a prisão do cozinheiro, do nutricionista, do preparador físico e do próprio policial que tem mais de 110 centímetros de barriga, que ????????????¸????????:a farda não caiba no corpo ou que o sutiã fique enforcando. Isso para o bem da corporação e para evitar que eles virem tábua de tiro ao alvo. Ou tão grave quanto: vire motivo de piada e de crônica sem graça. Um gordo falando de outro. Êta raça que não se compreende.
   Deu fome!



   Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista.

   e-mail: jfk6@uol.com.br

 


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