quarta-feira, 24 de setembro de 2008

MV BILL agora é cidadão de Salvador.


O rapper MV Bill recebe o título de Cidadão de Salvador, no Plenário Cosme de Farias, da Câmara Municipal de Salvador. A iniciativa é uma realização da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer da Câmara, presidida pela vereadora Olivia Santana.
A outorga do título de Cidadão de Salvador a MV Bill é uma forma de reconhecimento do seu trabalho artístico, político e cultural, principalmente com as periferias. Outro motivo é a identificação que a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer da Câmara Municipal tem com o trabalho do rapper, relacionado à população das periferias, normalmente de afrodescendentes.
O rapper se tornou uma referência comunitária, um personagem midiático, o símbolo de um discurso político que faz da crônica musica, das guerras nas favelas brasileiras, o ponto de partida de uma fala urgente sobre violência, discriminação e cidadania. Canta a realidade brasileira, resgatando a cultura negra e conscientizando a periferia. Junto com o produtor Celso Athaíde, criou a CUFA, Central Única das Favelas, uma organização não-governamental que possui bases de trabalho em várias partes do Brasil e cuja forma de expressão predominante é o hip hop. Visa promover a produção cultural das favelas brasileiras, através de atividades nos campos da cidadania, educação, esportes e cultura. Nela, jovens produzem videoclipes, documentários, shows, além de participarem de oficinas que trabalham com elementos do gênero. Atualmente, Bill é o responsável pela base da CUFA na Cidade de Deus.
Para a presidente da comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer da Câmara, Olívia Santana, a concessão o título se justifica pelo trabalho e trajetória de vida do homenageado.
Alex Pereira Barbosa, este foi o nome que MV Bill recebeu ao nascer em 3 de janeiro de 1974, no Conjunto Cidade de Deus, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Filho de Mano Juca e de D. Cristina, Bill aprendeu que tinha o poder de conscientizar as pessoas através do Rap. Falava para os moradores da sua comunidade dos problemas sociais, e por isso passou a ser conhecido como o Mensageiro da Verdade.
Em 1984, conhece o rap, época que o break chega ao Rio de Janeiro. Começa a compor músicas, sempre com letras marcadas pela denúncia social. Em 1998, lança o disco “CDD Mandando Fechado” pelo selo Zâmbia. Um ano depois o disco é relançado pela Natasha Records/BMG, com o título “Traficando Informação”.
Em dezembro de 2000, lança o videoclipe Soldado do Morro, que mais do que um videoclipe, é um documentário sobre o trabalho infantil a serviço de traficantes, retratando de forma crua o cotidiano destes menores em 14 favelas, 10 delas no Rio de Janeiro. Recebe uma série de represálias e acusações de apologia ao crime, mas também o apoio de personalidades da música e adeptos do movimento que conhecem seu trabalho social.
Já em 2002, também pela Natasha lança o CD “Declaração de Guerra”, o disco traz o espírito da luta em prol dos excluídos, que faz do cantor uma referência para os jovens, especialmente os negros das favelas do País.
Em abril de 2005, junto com o produtor Celso Athayde e o ex-secretário de segurança Luiz Eduardo Soares lança Cabeça de Porco, pela editora Objetiva. O livro fala sobre os jovens no mundo do crime. Foram usadas entrevistas e filmagens feitas por Athayde e MV Bill nos últimos 15 anos em favelas de nove estados e pesquisa etnográfica de Luiz Eduardo sobre violência e polícia.
A maneira encontrada para homenagear as religiões afro-brasileiras e a Cidade de Deus, por conta da discriminação que ainda sofrem, foi apresentar-se em um cenário decorado com imagens e ornamentos que representam estas religiões, além de estar rodeado por amigos e admiradores.
Destaques para os novos arranjos de “Falcão” (que inclusive virou videoclipe) e “Só Deus pode me Julgar”, que fechou uma noite de muita emoção e alegrias! Dirigido por Bruno Bastos com produção do selo Chapa Preta, o DVD virá com 10 músicas e já pode ser aguardado para novembro de 2008.

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