A cadeira de nº 7 da Academia de Letras da Bahia, cujo patrono é José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, homem da história que convenceu o rei de Portugal, D. João VI, a abrir os portos brasileiros às nações do mundo, será ocupada a partir de hoje pelo escritor, advogado e empresário Joaci Góes. “Seria hipocrisia dizer que não fico feliz, em ser empossado na Academia de Letras da Bahia, uma das mais antigas do Brasil, com tradição de abrigar nomes que são verdadeiros luminares da inteligência brasileira. Mas eu, muito na linha de Jorge Luis Borges – poeta argentino considerado um dos mais importantes escritores da literatura mundial, me pauto pela conduta de me manter equidistante, tanto da euforia do êxito, quanto do abatimento do fracasso. Eu não saio do meu caminho”, comentou o ex-diretor-presidente da Tribuna da Bahia, ao ser abordado sobre a importância de se tornar o mais novo imortal da ALB.
Os livros do imortal Joaci Góes, publicados pela TopBook, são os seguintes: A Inveja Nossa de Cada Dia, Como Lidar com Ela (Topbooks 2001), Anatomia do Ódio, na Família, no Trabalho, na Sociedade (Topbooks 2004), A Força da Vocação, no Desenvolvimento das Pessoas e dos Povos (a ser lançado brevemente).
Empresários de outros estados e da Bahia, intelectuais, políticos e ex-colegas do Congresso Nacional, onde Joaci Góes exerceu a função de deputado federal constituinte, escritores como João Ubaldo Ribeiro e Antonio Lins, entre outros, já confirmaram presença na posse do intelectual, que pretende desfrutar da oportunidade de “ver e abraçar a legião de amigos, que é o meu maior patrimônio, e que eu tenho feito ao longo da minha vida”. O fundador da cadeira de nº 7 da Academia de Letras da Bahia foi Ernesto Carneiro Ribeiro, mestre de Ruy Barbosa, o seu sucessor foi o historiador Francisco Borges de Barros, que cedeu o lugar ao jurista e ex-senador Luiz de Carvalho Filho. O cientista político Nelson de Souza Sampaio antecedeu o acadêmico Pedro Moacir Maia, que agora será substituído por Joaci Góes, que é também articulista da Tribuna da Bahia.
“Embora me sinta muito abaixo de todos estes ilustres antecessores, com o propósito de minimizar a distância abissal que me separa deles, eu pretendo fazer da cadeira um púlpito para continuar defendendo com entusiasmo crescente a necessidade de colocarmos a Educação em primeiro lugar. Só pela inserção social na sociedade do conhecimento é que você pode realmente reduzir essas desigualdades. É por via da Educação que você vai conter essa onda de corrupção que grassa na Bahia e no Brasil, e essa onda de violência sufocante que faz da nossa vida, em sociedade, um verdadeiro estado de sítio”, declarou Joaci Góes.
Ao contrário da Academia Brasileira de Letras, onde o postulante tem que se candidatar, para ingressar no seleto grupo de imortais da Academia de Letras da Bahia é necessário ser indicado. Joaci Góes se diz muito agradecido aos confrades da ALB, mas faz questão de dirigir uma “palavra especial de agradecimento, a historiadora Consuelo Ponde de Sena, que foi a primeira pessoa da academia a defender o meu nome com muito vigor” e também agradecer ao confrade João Carlos Teixeira Gomes, que saudará o novo acadêmico da Academia de Letras da Bahia, pela “carta excepcionalmente convincente, com o exagero da generosidade, encaminhada à ALB. Da ação destes dois houve a precipitação pra que eu ingressasse na academia”. A ALB é presidida pelo jornalista e escritor Edivaldo M. Boaventura e está localizada no Palacete Góes Calmon, na Av. Joana Angélica, 198, em Nazaré, e a posse é hoje, às 19 horas.
Indicação de João Carlos destaca vocação literária
Dos créditos que ensejaram a indicação do novo imortal, muitos deles constam da carta enviada diretamente do Rio de Janeiro, em 17 de setembro de 2007, pelo acadêmico João Carlos Teixeira Gomes ao presidente da Academia de Letras da Bahia, Edvaldo Boaventura, propondo o nome de Joaci Góes para membro da ALB, que tem o seguinte teor:
“Meu caro presidente e confrade Edvaldo Boaventura:
Aproveitando o ensejo para parabenizá-lo pela justa ascensão, tomo a liberdade de indicar ao prezado amigo e demais confrades acadêmicos o nome do jornalista, escritor e empresário Joaci Góes para integrar o nosso sodalício.
Trata-se, com efeito, de nome amplamente conhecido em todo o nosso Estado e mesmo nacionalmente, pelas múltiplas atividades que vem desenvolvendo ao longo de uma vida laboriosa e fecunda.
Como jornalista, foi proprietário do jornal Tribuna da Bahia e o dirigiu durante longo período, num tempo em que o prestigioso jornal, fundado pelo saudoso Elmano Castro, se constituía numa autêntica escola de profissionais da nossa terra, com uma redação em que pontificavam verdadeiros astros da literatura e do jornalismo, com destaque para o escritor João Ubaldo Ribeiro, que foi seu redator-chefe.
Como escritor, Joaci Góes destacou-se nos últimos anos pela elaboração de primorosos ensaios sobre os sentimentos humanos de ódio e inveja, na linha da tradição moralizante da grande literatura barroca da Espanha do Século de Ouro, com ênfase na obra consagrada de um pensador do nível de Baltasar Gracián ou mesmo do poeta Francisco de Quevedo. Tais ensaios percorreram todo o Brasil nas magníficas edições da Editora Topbooks, com justa ressonância na imprensa e entre a crítica especializada. Neste particular, tornou-se Joaci, com merecimentos, um vexilário do ensaísmo erudito em nosso país.
Como empresário, nosso indicado tornou-se responsável por relevantes cometimentos a serviço da dinamização da economia baiana, particularmente nas áreas da urbanização e da construção civil. Nem podemos esquecer que, a este pendor para os negócios materiais, soube arregimentar sua vocação empresarial em benefício do ensino universitário, fundando no extremo sul da Bahia uma Universidade que leva a marca do pioneirismo e da fremente audácia na busca pelo saber.
Por fim, não menos relevante, devemos registrar a breve mas vitoriosa passagem de Joaci Góes na esfera da militância política e partidária, como membro do Congresso Nacional, numa época em que essa Casa ainda zelava pela sua imagem como fortaleza democrática, longe de transformar-se no valhacouto do oportunismo, da corrupção, do dilacerante compadrio e da falta de respeito público em que se constituiu nestes últimos anos. Lembremos que, como deputado federal, Joaci Góes foi o relator do Código de Defesa do Consumidor, atividade que por si só marcaria toda a sua proficiente passagem pela Câmara dos Deputados, ao lado de, posteriormente, ter revelado rara desambição política, retirando-se da militância parlamentar ainda no auge das suas melhores expectativas, numa prova de desprendimento e consciência cívica, ante um quadro que se anunciava desalentador, enfim deploravelmente confirmado.
Senhor presidente e caro amigo, pelo conjunto dos fatos expostos reitero, com ênfase, a minha indicação, lembrando que, por estar residindo há vários anos no Rio, gostaria de receber informações adicionais, se necessárias, para a formalização regimental dos procedimentos.
Reafirmando a minha tradicional admiração, envio ao prezado amigo e a todos os demais confrades o abraço efusivo e as lembranças do João Carlos Teixeira Gomes”.
Fonte:Nelson Rocha/Tribuna da Bahia
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