A violência contra a mulher ganhou contornos trágicos na Bahia. Nas últimas 24 horas três mulheres foram assassinadas por seus companheiros no estado. Em um dos homicídios, o acusado é o agente da Polícia Civil integrante do Grupo de Operações Especiais (COE) Evaristo Santana Filho, que matou a estudante do curso de direito Luciana Machado Souza, 27 anos, com quatro tiros na noite deste domingo (24/01) em sua residência em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador.
Segundo a família da vítima, os dois estavam casados há dois dias e se relacionavam há dois meses, apesar de se conhecerem há mais tempo, pois ambos estudavam na mesma faculdade. No momento do crime, duas filhas de Luciana (com idades de cinco e dez) estavam em casa e presenciaram a mãe ser morta pelo marido. A família informou ainda que o policial estaria bêbado quando baleou a esposa e que foi a filha mais velha da estudante quem ligou para familiares informando do acontecido.
No segundo caso, Valdemir Ferreira da Silva foi preso em flagrante na manhã desta segunda, 25, após matar a esposa Rosângela dos Santos com golpes de faca do tipo peixeira em Boa Vista do Lobato, no Subúrbio Ferroviário. De acordo com agentes da 4ª Delegacia, aparentemente Valdemir teve "um surto" e atacou a mulher. O rapaz é evangélico e disse ter ouvido vozes. Ele aparenta ter problemas mentais, segunda a polícia. Policiais disseram que Valdemir está chorando e demonstra arrependimento. O casal nunca teve brigas violentas, de acordo com testemunhas. Ele foi contido por um parente após cometer o crime. O casal tem três filhos de 4, 8 e 10 anos.
O terceiro assassinato ocorreu em Itabuna, sul do estado. Eliane Almeida de Oliveira, 43 anos, foi morta com dois tiros no ouvido neste domingo, 24, em Itabuna. O namorado da vítima, Francisco de Paula Lins da Silva, é apontado como o principal suspeito de ter cometido o crime. O coordenador da 7ª Coordenação da Polícia do Interior (Coorpin), Moisés Damasceno, disse que Francisco têm três mandados de prisão em aberto em Goiás. Ele não informou o tipo de crimes que o rapaz responde. O rapaz está foragido.
A irmã da vítima, Cristiane Almeida de Oliveira, acredita que o assassinato foi premeditado. Ela disse que, no dia anterior ao homicídio, Francisco levou Eliane para visitar os dois filhos dela e que, na ocasião, ele estava "estranho", com o olhar vago e sem conversar normalmente. Cristiane contou que, até então, o casal tinha um relacionamento bom, mas que Francisco sentia ciúmes de Eliane porque ela foi morar em Itapetinga a trabalho.
No dia do crime, Eliane esteve com os filhos e depois foi ao shopping, de onde ligou para um dos filhos e disse que iria para casa. Quando o filho chegou à residência, chamou pela mãe, mas ela não respondeu. Ele estranhou o fato do quarto estar trancado com o ventilador ligado e arrombou a porta, encontrando o corpo da mãe. O caso será investigado pela delegada Sione Porto, da 1ª CP.
Os casos, que ganharam as páginas dos jornais pela semelhança, infelizmente fazem parte da triste estatísticas da violência contra a mulher na Bahia. O estado que possui 417 municípios tem apenas duas Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, uma em Salvador inaugurada em 2008, e a segunda instalada no último dia 21 de janeiro em Feira de Santana. As Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deams) também são escassas. São apenas 15 sendo duas em Salvador, unidades de Brotas e Periperi, e outras 13 no interior, nas cidades de Vitória da Conquista, Feira de Santana, Ilhéus, Camaçari, Porto Seguro, Itabuna, Teixeira de Freitas, Candeias, Alagoinhas, Paulo Afonso, Juazeiro, Jequié e Barreiras.
De Salvador,
Eliane Costa, com informações do jornal Atarde
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